
ALDO VICTÓRIO FILHO
Docente do Programa de pós-graduação em Artes - PPGARTES e do Programa de pós-graduação em Educação - PROPED, ambos da UERJ.
ESCOLA-UNIVERSIDADE-ESCOLA: CANAIS, CONEXÕES E INTERCÂMBIOS NA FORMAÇÃO DOCENTE E NA ATUALIZAÇÃO ESCOLAR
O projeto tem como campo de interesse as relações entre a escola da Educação Básica e o ensino superior dedicado à formação dos seus docentes, especificamente os professores de Artes Visuais e os benefícios que a universidade pode proporcionar em apoio à escola pública. Emerge do Laboratório de Ensino da Arte do Instituto de Artes? Laboratório de Educação e Imagem da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, dedicado à investigação e produção de recursos pedagógicos para o aprimoramento e atualização da formação docente e das práticas de ensino das Artes no ensino básico. As aludidas relações são aquelas que aspirariam fortalecer ambas as instituições com os frutos de ações de pesquisa e intercâmbios sob a perspectiva pós-qualitativa. Ações que pressupõem os benefícios que as escolas podem oferecer à atualização e à qualidade do ensino superior e tudo que os cursos superiores de formação docente, em especial as Licenciaturas em Artes, podem oferecer em troca.

Alexandra Garcia
Doutora em Educação pelo Proped UERJ e Professora Associada da UERJ. Bolsista Produtividade C do CNPq
COTIDIANOS EM NARRATIVAS: A PRODUÇÃO DOS CURRÍCULOS E DOS SABERES DOCENTES NOS DIÁLOGOS ESCOLAS-UNIVERSIDADE
O Projeto de pesquisa é desenvolvido na área de currículo, cotidiano e formação de professores. Entende o cotidiano e as experiências vividas como centrais para o estudo dos processos e contextos com os quais nos tornamos professores. Visa prosseguir com os objetivos de investigar processos formativos e experiências em formação docente que articulem escolas e universidade e apontem caminhos para desconstruir representações demeritórias sobre escola e docência. A partir da articulação entre a pesquisa, o projeto de extensão e resultados de pesquisa anteriores, busca-se avançar no levantamento e estudo de experiências com processos formativos em propostas que operem princípios de horizontalidade, dialogicidade e de produção mais coletiva e solidária dos saberes docentes. Considera-se, especialmente, as interfaces entre os currículos nos cotidianos e os processos formativos. Nesse sentido, investe em produzir conhecimentos que contribuam para a formação de professores para a justiça social, produzindo caminhos teórico-metodológicos com os currículos diante das imprevisibilidades, heterogeneidades e complexidade dos cotidianos. Recorre a estudos no campo dos currículos, cotidianos, formação de professores e novas epistemologias, bem como a noções do pensamento spinoziano. A metodologia apoiada em Pesquisa com os cotidianos e nas pesquisas com narrativas inclui rodas de conversa e produção de narrativas docentes que mobilizam redes de produção de saberes entre os professores. Inclui, ainda, estudantes de licenciaturas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Procuramos apontar que a produção de fazeres e saberes docentes pode ser estudada e potencializada por ações baseadas na promoção de espaços sistemáticos de diálogos e de formação compartilhada, tanto por se constituírem como espaços coletivos de negociações políticas e epistemológicas dos currículos, quanto por operarem lógicas de produção dos fazeres e saberes docentes mais solidárias e horizontalizadas. Entendemos que o estudo das narrativas produzidas nas conversas com estudantes e professores contribui para a desinvisibilização das invenções das práticas e sentidos de docência e para a sistematização desses saberes na produção cotidiana dos currículos.

Alexandra Lima da Silva
Professora Associada na Faculdade de Educação da UERJ. Bolsista Produtividade C do CNPq. Cientista do Nosso Estado FAPERJ.
SEMENTES DE ÉBANO: REDE DE SOCIABILIDADE E EDUCAÇÃO COMO ESTRATÉGIAS DE MOBILIDADE SOCIAL EM UMA FAMÍLIA NEGRA NO PÓS-ABOLIÇÃO FLUMINENSE
Este projeto defende que o investimento na ampliação das redes de sociabilidade e na educação foram estratégias de mobilidade social na experiência de uma família negra no pós-abolição fluminense. A partir da revisão da literatura e do cruzamento com fontes documentais diversas, tais como periódicos e registros civis e eclesiásticos, o projeto procura problematizar os significados da maior visibilidade dada às trajetórias individuais de homens negros nos estudos históricos. Procura interrogar os silenciamentos produzidos em relação às mulheres negras no interior das famílias. Compreende família negra de forma ampliada, como uma comunidade de afeto e solidariedade, com destaque para o protagonismo das mulheres negras, que exerciam o papel de guardiãs da memória familiar.

Alice Casimiro Lopes
Bolsista Produtividade 1A do CNPq. Cientista do Nosso Estado FAPERJ. Professora Titular da Faculdade de Educação. Atualmente é Pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. www.curriculo-uerj.pro.br
POLÍTICAS DE CURRÍCULO E CULTURA
Por meio da teoria do discurso e da desconstrução derridiana, tenho atuado na luta política tentando desconstruir hegemonias curriculares, desestabilizar estruturas fixadas, universalizadas e universalizantes, que visam a um suposto “projeto perfeito e redentor” de currículo e, por conseguinte, de educação, capaz de incluir a todos sem conflitos. Como parte deste trabalho teórico-estratégico, busco problematizar o discurso de que um universal igual para todos possa ser alcançado ou mesmo que seja desejável. Defendo que tal universal é sempre a representação de um particular que só pode se universalizar por meio de uma decisão (de um poder de decidir) que se faz em nome do outro, no lugar do outro, e busca controlar o processo de representação desse outro inserindo-o na mesmidade universalizante. As noções de investimento radical, normatividade vazia e as relações entre particular e universal, construídas em diálogo com Ernesto Laclau, bem como as noções de político, política e hiperpolitização de Chantal Mouffe tornam-se muito importantes para teorizar sobre a política de currículo nessa perspectiva. Tendo em vista essa abordagem mais geral, o grupo de pesquisa Políticas de Currículo e Cultura (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/34701) tem se dedicado a investigar de processos de “implementação” de propostas curriculares centralizadas, com destaque para aquelas dirigidas ao nível médio de ensino. Vêm sendo focos de pesquisa: quais leituras vêm sendo feitas visando modificar a organização curricular; qual a relação que vem sendo estabelecida com as comunidades disciplinares; quais possibilidades são forjadas para que o diferir, associado à contextualização radical e à tradução, não seja bloqueado; quais bloqueios do diferir permanecem operando; como redes políticas, no sentido de Stephen Ball, de produção curricular vêm operando na tentativa de produzir sentidos nas políticas. Simultaneamente, são investigadas questões teóricas relativas à tradução em Derrida e à contingência em Laclau nas políticas de currículo, em tempos de pós-verdade e de lutas contra o ultraconservadorismo, buscando questionar dicotomias e essencialismos associados tanto à noção de antagonismo quanto à noção de resistência.

ANA CHRYSTINA VENANCIO MIGNOT
Professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Bolsista Produtividade 1D CNPq
EM NOME DA DEVOÇÃO: MARCAS DA FORMAÇÃO RELIGIOSA NA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE UMA EDUCADORA CATÓLICA
O presente estudo, em continuidade aos dois projetos de pesquisa anteriores – “Travessia entre a ciência e a fé: a nova pedagogia para a educadora católica Laura Jacobina Lacombe” e “Destinos entrelaçados: uma militante do laicato católico na produção, circulação e formulação de políticas para a educação infantil” – tem como horizonte traçar a biografia da educadora Laura Jacobina Lacombe, o que exige compreender os diferentes espaços nos quais atuou. Valendo-se de escritas autobiográficas, escritas sobre educação e documentos oficiais das associações religiosas, pretende alargar a compreensão acerca de sua trajetória profissional que, na historiografia da educação, ficou restrita aos embates que travou na Associação Brasileira de Educação (ABE) e, de certo modo, na imprensa católica. Seguindo pistas deixadas em documentos nas quais se pode observar uma inserção mais ampla na definição de estratégias para a recatolização da sociedade, a investigação se volta para sua atuação em associações católicas nacionais e internacionais, procurando interpretar como o engajamento feminino na ação social impulsionou educadoras na militância católica que, mesmo sendo de viés conservador reforçando as hierarquias de gênero, serviu para que as mulheres ultrapassassem as fronteiras do lar. Isto implica em cartografar as instituições das quais a educadora participou buscando semelhanças, diferenças, conexões e transformações nos temas debatidos e na composição das diretorias das mesmas, na perspectiva de uma história conectada. Tendo como hipótese que a sua participação no debate educacional resultou de tal engajamento, pretendo enveredar pela liderança que exerceu nas associações católicas a fim de interpretar marcas da formação religiosa na sua trajetória profissional, contribuindo deste modo para ampliar a compreensão sobre a participação das mulheres na educação brasileira.

ANA KARINA BRENNER
Professora Associada da Faculdade de Educação da UERJ.
ARQUIVOS E IMAGENS EM MOVIMENTO: REVISITANDO 'JOVENS FORA DE SÉRIE' E AS REPRESENTAÇÕES FÍLMICAS DA MIGRAÇÃO E DO REFÚGIO
O grupo de pesquisa Observatório Jovem do Rio de Janeiro/UERJ tem se dedicado a compreender as relações entre jovens em espaços-tempos educativos (processos culturais e de escolarização, redes sociais e contextos comunitários). As narrativas (auto)biográficas associadas ao uso de dispositivos de imagens como suporte às entrevistas, têm sido a abordagem principal para buscar compreender processos de individuação de jovens em contextos de escolarização – no ensino médio regular e na modalidade Educação de Jovens e Adultos -, de ação coletiva e engajamento político de jovens bem como em contextos de migração ou refúgio. Atualmente as ações de pesquisa do grupo se dividem em duas iniciativas complementares. Uma delas trata de revisitar os arquivos de imagens e sons da pesquisa “Jovens Fora de Série” para novas análises, especialmente considerando as mudanças sociais e educacionais recentes. A pesquisa se realizou em momento que hoje pode ser compreendido como limiar de transformações profundas da sociedade brasileira, ainda não perceptíveis no momento de realização da pesquisa. A percepção atual permite lançar novos olhares e novas possibilidades de compreensão daquele material em diálogo com a situação e condição atual da juventude brasileira e dos processos de escolarização na EJA. A outra iniciativa busca conhecer “imagens migrantes” na produção fílmica recente disponível em plataformas de streaming largamente acessadas no Brasil.

ANNIE GOMES REDIG
Doutora em Educação. Professora Adjunta da Faculdade de Educação da UERJ.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E/OU TEA: A REPRESENTATIVIDADE NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA A VIDA INDEPENDENTE
O processo de transição para o momento pós-escola de jovens e adultos com deficiência intelectual e/ou transtorno do espectro autista (TEA) na sociedade contemporânea ainda é um desafio para as escolas brasileiras. Pensar na vida adulta e ativa destes sujeitos é importante para garantir sua real inserção na sociedade, de forma que possam ter uma vida mais independente e autônoma possível. Esse processo deve começar ainda na escola para que as habilidades para a vida independente sejam desenvolvidas. Entretanto, sem o engajamento do sujeito com deficiência intelectual e/ou TEA no processo, essa ação não terá êxito, por isso, é fundamental o desenvolvimento de habilidades de autodeterminação, para que assim, possam ser realmente gestores de suas vidas. Nesse sentido, o presente projeto tem como objetivo analisar o processo de transição para a vida independente no itinerário formativo de jovens e adultos com deficiência intelectual e/ou TEA. Dentro dessa proposta, temos a elaboração do Plano Individualizado de Transição (PIT) em suas diferentes vertentes, como por exemplo, a inclusão no mercado de trabalho, nos espaços da universidade e o sujeito com deficiência intelectual e/ou TEA como protagonista da sua vida no que tange, principalmente, o desenvolvimento de habilidades de autodeterminação. Para tal, será utilizada como metodologia a pesquisa qualitativa nos pressupostos da pesquisa-ação e com a elaboração de cursos de formação continuada docente, protocolos de aplicação do PIT, além de potencializar a voz dos sujeitos com deficiência intelectual e/ou TEA.

CAROLINA RIZZOTTO SCHIRMER
Professora Associada do Departamento de Estudos da Educação Inclusiva e Continuada (DEIC) da Faculdade de Educação da UERJ
FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA ATUAREM EM PARCERIA COLABORATIVA NO CONTEXTO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
Este projeto tem como objetivos gerais: planejar, organizar e implementar um programa de formação inicial e continuada de profissionais para atuarem em rede colaborativa no acompanhamento de alunos com deficiência que necessitam de Tecnologia Assistiva. Para isso, uma pesquisa interventiva será conduzida com os profissionais da rede pública de educação e saúde, graduandos de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e alunos com deficiência que são acompanhados pelos profissionais. O estudo será desenvolvido no Laboratório de Tecnologia e Comunicação Alternativa – LATECA e sala Leila Nunes, ambos na Faculdade de Educação da UERJ. Os instrumentos utilizados serão: questionário, roteiro de entrevista semi-estruturada, diário de campo, roteiro de plano de observação e estruturação para o trabalho. Os materiais utilizados serão: recursos de Tecnologia Assistiva e Comunicação Alternativa adquiridos e desenvolvidos pelos profissionais em formação inicial e continuada, livros e jogos, câmera digital, filmadora e audiogravadores digitais, assim como computadores/notebooks, plastificadora e impressoras. Nas entrevistas, serão sempre enfatizados os aspectos subjetivos dos participantes, sua visão de mundo. A utilização de várias fontes, instrumentos e estratégias de coleta de dados permitirá a triangulação dos dados. Os procedimentos metodológicos envolvem: a) aplicação de questionário aos aos profissionais; b) entrevistas com os graduandos, profissionais de educação e saúde; c) oferta de um programa tendo como abordagem a Metodologia da Problematização e desenvolvimento de atividades de ensino pelos graduandos e profissionais junto aos alunos com deficiência e d) filmagem desses atendimentos.

CÁTIA CRIVELENTI DE FIGUEIREDO WALTER
É professora Associada do Departamento de Educação Inclusiva e Continuada e do Programa de Pós Graduação em Educação (PROPED)
VAMOS CONTINUAR CONVERSANDO: USO DE DISPOSITIVOS GERADORES DE FALA (DGF) POR CRIANÇAS COM NECESSIDADES COMPLEXAS DE COMUNICAÇÃO (NCC)
Resultados promissores vêm demonstrando a eficácia do uso de alta tecnologia como recursos de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), sobretudo dos Dispositivos Geradores de Fala (GDF). O programa de CAA conhecido como PECS-Adaptado tem revelado sucesso na promoção da comunicação funcional de pessoas com necessidades complexas de comunicação (NCC) no Brasil. Assim, o presente projeto tem como objetivo desenvolver e avaliar os efeitos do uso de um programa de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), utilizando Dispositivos Geradores de Fala (DGF) associado ao programa PECS-Adaptado com crianças com TEA ou que apresentam necessidades complexas de comunicação. O projeto dará continuidade ao projeto “Vamos Conversar”, iniciado em 2020 e que pretende sistematizar o programa de CAA utilizando o DGF na realização de sentenças mais complexas e ampliação de atos comunicativos entre crianças sem fala funcional e seus interlocutores. As seguintes etapas estão previstas: a) descrever o programa “Vamos Conversar” de forma sistemática, destacando suas fases de aplicação; b) organização de um manual para aplicação do programa “Vamos Conversar”; c) formação de 20 professores, de forma online, no uso do “Vamos Conversar” para ser aplicado em alunos com TEA, no contexto escolar; d) avaliar e analisar os efeitos do programa em cinco crianças com TEA, com idades variando entre 6 e 10 anos e que apresentam NCC. Os instrumentos utilizados envolvem protocolos de análise das características da linguagem, comunicação funcional, protocolos de registro diário, protocolo de suporte oferecido e autonomia para realizar as sentenças e diálogo com os interlocutores, evolução do vocabulário adquiridos, análise de comportamentos interativos. Espera-se que com os resultados obtidos e a sistematização do programa de CAA novos projetos podem emergir e serem aplicados em diferentes contextos e com participantes de diferentes idades. Também espera-se formar multiplicadores no ambiente escolar e que muitas crianças possam comunicar melhor e interagir mais com os diferentes interlocutores.

CONCEIÇÃO FIRMINA SEIXAS SILVA
Professora associada da Faculdade de Educação - Departamento de Estudos da Infância (DEDI) - da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
INFÂNCIA, PARTICIPAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA: AS NARRATIVAS QUE AS CRIANÇAS CONSTROEM PARA SIGNIFICAR O MUNDO QUE HABITAM
O projeto compõe as atividades do grupo Espaço de Estudo e Pesquisa sobre Infância (EEPI), coordenado pela prof.ª Conceição Seixas, e se dedica à análise da participação social e política de crianças em diversos contextos – escola, movimentos socais, periferias e centros urbanos, espaços comunitários, entre outros. Seu objetivo é refletir sobre os caminhos, lutas, tensões e resistências que as crianças criam para participar da vida em comum, os sentidos que dão à sua ação no mundo e os acordos e alianças que estabelecem para fazer frente ao que consideram injusto nos territórios que habitam. No percurso de se constituírem como sujeitos (isto é, de se subjetivam), as crianças vão potencializando – em meio aos encontros com as gerações mais velhas, com seus pares e com sua cultura – descobertas, mal-estares, desacordos, perguntas, respostas, encontros, criações diversas... A aposta que se faz, neste projeto, é de que a participação: (1) longe de ser um atributo do sujeito, é de ordem coletiva e comprometida com a transformação social e um mundo justo, (2) se institui, pela criança na convivência com outros sujeitos, no processo de narrar e significar os papéis sociais que assumem, os espaços que habitam e as experiencias que constroem, (3) está embricada em relações de poder e hegemonia, portanto, (4) envolve incessantemente embates, negociações e disputas. O projeto abriga pesquisas que, de forma crítica, tratem da ação da criança em territórios diversos, que acolham as experiencias infantis no mundo a partir das perspectivas das próprias crianças e que tensionem a desigualdade social, a miséria global, as injustiças de diversas ordens – como a geracional, levando em consideração a estruturação adultocêntrica do mundo – e as perspectivas normativas e universalistas advindas dos países de Norte global.

CRISTINA ANGELICA AQUINO DE CARVALHO
Professora Adjunta da UERJ, Sub-chefe do Departamento de Educação Inclusiva e Continuada (DEIC) - Faculdade de Educação.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE MEDIADO POR TECNOLOGIAS PARA ALFABETIZAÇÃO: UMA PROPOSTA FORMATIVA COM DOCENTES PELO VIÉS DA PESQUISA-AÇÃO.
O estudo se insere na temática da produção de conhecimento sobre processos de alfabetização e letramento de jovens, adultos e idosos com deficiência intelectual. Intenciona-se investigar, por meio de uma abordagem qualitativa, no desenho da pesquisa-ação, uma prática de Atendimento Educacional – AEE mediado por tecnologias para o alfaletramento de jovens, adultos e idosos com deficiência intelectual. O objetivo geral da pesquisa é consolidar o conhecimento relacionado às práticas pedagógicas contemporâneas sobre processos de alfabetização e letramento de jovens e adultos com deficiência intelectual. Tendo como objetivos específicos: Elaborar uma revisão de escopo sobre a alfabetização do estudante com deficiência intelectual (produção de artigos). Investigar metodologias ativas embasadas na mediação tecnológica. Sistematizar uma proposta de formação com docentes que atuam no Atendimento Educacional Especializado voltada para o ensino de habilidades de leitura, escrita e seu uso social para jovens, adultos e idosos com deficiência intelectual, ou alguma necessidade educacional específica. Acompanhar o processo de elaboração conceitual relacionado a alfabetização de jovens, adultos ou idosos, a partir da proposta específica do Atendimento Educacional Especializado – AEE por meio de curso de formação com docentes. Espera-se contribuir com a produção acadêmica voltada para o processo de inclusão de pessoas com deficiência intelectual.
DENISE MEDINA DE ALMEIDA FRANÇA
Professora associada do Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino-DEAE, área educação matemática- UERJ-Maracanã.
PROJETO 1: ARQUIVO PESSOAL DA EDUCADORA MATEMÁTICA ESTELA KAUFMAN: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (1960- 1990) - (2024-2027)
Este projeto será desenvolvido em parceria ao Grupo Associado de Estudos e Pesquisas sobre História da Educação Matemática (GHEMAT Brasil), que abarca grupos de pesquisa de mais de vinte estados brasileiros, visa buscar indícios, por meio do saber matemático presente em diferentes documentos selecionados no Centro de Memória da Educação Brasileira (CMEB) que se localiza no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ) durante o período de 1950 a 1980, de como foram produzidos, sistematizados e institucionalizados os saberes profissionais do professor que ensina matemática nos cursos da instituição. Para isso, levantaram-se os seguintes questionamentos: Que saberes são necessários para formar um docente que exerça sua profissão com competência? Que saberes matemáticos para ensinar produzidos pelos professores do ISERJ foram considerados como referência? Que temas foram abordados prioritariamente nos textos elaborados pelos experts? Quanto à abordagem teórico-metodológica, a pesquisa configura-se como de natureza histórica, a partir de elementos vindos da história cultural, mobilizando categorias de análise postas por Hofstetter e Valente (2017) como saberes profissionais, saberes objetivados, sistematização dos saberes e sua institucionalização. É esperado que por meio dessa análise histórica sobre os processos e dinâmicas adotadas na elaboração de saberes profissionais para ensinar, obtenha-se ampla contribuição para o ensino desses saberes nas séries iniciais atuais e na formação de professores.
PROJETO 2: UMA CARACTERIZAÇÃO DA MATEMÁTICA A ENSINAR E PARA ENSINAR EM PUBLICAÇÕES DO LABORATÓRIO DE CURRÍCULO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (1980-1983) -FASE II (2025-2027)
O desenvolvimento da primeira fase do Projeto indiciou a necessidade de aprofundamento, desta vez, focando nos saberes geométricos. O objetivo é buscar indícios, por meio do saber matemático presente nas publicações do LC, dirigidas as series iniciais, de como foram produzidos, sistematizados e institucionalizados, no período estudado, os saberes profissionais referentes a geometria do professor que ensina matemática. Para tal, vale-se, sobretudo, de aparato teórico-metodológico no âmbito sócio-histórico, que mobiliza categorias de análise, como saberes profissionais, saberes a e para ensinar, saberes objetivados, sistematização dos saberes, institucionalização e expert. O projeto norteia-se pelas questões: que saberes geométricos para ensinar produzidos pelo LC foram considerados como referência? Que temas foram abordados prioritariamente nos textos elaborados pelos experts? A fim de discutir os saberes profissionais da docência e uma possível expertise dos elaboradores, adotamos como referencial teórico-metodológico Hofstetter; Schneuwly; Freymond (2017), Hofstetter; Valente. (2017), Valente et al. (2020), e outros. Da análise e caracterização de saberes, pretendemos ainda identificar candidatos a experts no ensino de matemática do nosso estado. Como resultado, pretendemos por meio da análise histórica sobre os processos e dinâmicas adotadas na elaboração de saberes profissionais para ensinar, contribuir para o ensino desse saber nas séries iniciais atuais e na formação de professores. Além disso, fornecer subsídios para o diálogo com pesquisadores do Brasil e do Mundo, visto que, o Ghemat- UERJ- Grupo de pesquisa em história da educação matemática há muito adota a prática do trabalho coletivo, abarcando grupos de pesquisa de diferentes estados e universidades e assim alargando possibilidades de reflexão sobre a “história da educação matemática no Brasil”. Como representante do Rio de Janeiro, nosso estudo contribuí com elementos referentes a história da educação matemática em nosso estado.

DILTON RIBEIRO DO COUTO JUNIOR
Professor Adjunto no Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino (DEAE) da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
JUVENTUDES E EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: ENFRENTANDO A HETERONORMATIVIDADE EM TEMPOS DE CIBERCULTURA
O Projeto apresenta como objetivo mais amplo investigar as práticas culturais juvenis mediadas por tecnologias digitais, cartografando estratégias de resistência ao regime heterocentrado. O Projeto apresenta cinco objetivos específicos, enumerados a seguir: 1) Conhecer o papel mediador das tecnologias digitais em rede na constituição de estratégias de resistência no enfrentamento ao regime heterocentrado; 2) Analisar a emergência de discursos LGBTQIA+fóbicos produzidos e compartilhados nas redes sociais da internet e que são dirigidos às/aos jovens que integram as chamadas minorias sociais, de gênero e étnico-raciais; 3) Propor estratégias para fomentar um amplo debate dentro (e fora) da escola que alerte para a necessidade de expor os limites e as contingências do regime heterocentrado; 4) Discutir o compromisso ético-político da educação no enfrentamento às diferentes formas de violências, principalmente aquelas direcionadas às/aos jovens das chamadas minorias sexuais; e 5) Pensar em estratégias para auxiliar na construção de uma educação antissexista, antirracista e anti-LGBTQIA+fóbica. A cartografia online será o método adotado porque se constitui como uma possibilidade de experimentação teórico-metodológica que convida o/a pesquisador/a a analisar os acontecimentos sociais no contexto das dinâmicas ciberculturais. O Projeto convida a olhar com mais atenção para as experiências sociais das/dos jovens que ousam cruzar as fronteiras de gênero e sexo, (re-)existindo por meio da participação em processos colaborativos/interativos com outras/os internautas. Ademais, essas práticas culturais juvenis envolvendo os marcadores de gênero e sexualidade, e que são mediadas por tecnologias digitais, trazem contribuições para o campo educacional no sentido de auxiliar na formulação de estratégias de resistência em prol do enfrentamento de práticas sexistas, LGBTQIA+fóbicas e racistas dentro e fora da escola.

DIOGO BARROS BOGEA
Professor Adjunto de Filosofia e Psicanálise no Departamento de Estudos da Subjetividade e da Formação Humana da Faculdade de Educação da UERJ.
POR UMA FORMAÇÃO (DES)ORIENTADA PELA SINGULARIDADE: A DESCONSTRUÇÃO DO SUJEITO MODERNO E SEUS IMPACTOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Nosso projeto de pesquisa visa problematizar alguns dos sentidos mais comumente atribuídos aos processos educacionais e, consequentemente, à formação de professores, tais como: aquisição e transmissão de conteúdos de conhecimento; aquisição e transmissão de habilidades e competências; desenvolvimento e transmissão de uma “consciência crítica” ou de valores morais capazes de formar “sujeitos” segundo algum projeto pré-estabelecido. Todos esses sentidos nos parecem ancorados na noção moderna de sujeito como centro de comando imaterial, único, idêntico e essencialmente racional e consciente. Com a crise ou desconstrução desse ideal moderno de sujeito, torna-se urgente repensar esses sentidos. A partir de referenciais pós-estruturalistas – Deleuze e Derrida –, psicanalíticos – Freud, Lacan, MD Magno – e alguns de seus antecessores – Spinoza, Schopenhauer, Nietzsche –, procuramos acompanhar a desconstrução contemporânea desse ideal de sujeito e, consequentemente, evidenciar os furos, rachaduras ou mesmo o caráter francamente ilusório desses sentidos mais comumente atribuídos aos processos educacionais e à formação de professores. Mobilizamos esses mesmos referenciais para colocar em cena uma outra possibilidade de pensar a existência: como rede de corpos afetivos interativos, atravessados por redes de significações ou “rastros” e co-movidos pelo desejo. Para além dos ideais de unidade, identidade, racionalidade e consciência do sujeito moderno, aposta-se numa compreensão da existência humana que enfatize a multiplicidade, a alteridade (inclusive em relação a qualquer “si mesmo” supostamente constituído), a afetividade, o desejo e a singularidade. Investigando textos teóricos e documentos curriculares, nos interessa expor e problematizar os pressupostos metafísicos e as noções modernas de subjetividade que os regem, bem como compor compreensões alternativas da existência humana ressaltando seu caráter aberto, descentrado, dividido, múltiplo e conflituoso a fim de investigar também os impactos de uma tal concepção para os processos educacionais, a formação de professores e as composições curriculares.

ELIZABETH FERNANDES DE MACEDO
Bolsista Produtividade 1A do CNPq. Cientista do Nosso Estado FAPERJ. Professora Titular da Faculdade de Educação. Pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2024-2027). Grupo de pesquisa: Giros Curriculares: cultura e diferença. http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhorh/5123689806783161
CURRÍCULO, CULTURA E DIFERENÇA
O grupo desenvolve estudos sobre teoria do currículo, assim como sobre política curricular, amplamente entendida como políticas públicas promulgadas pelo Estado e nas escolas. Opera com inflexão pós-estrutural, dialogando com Stephen Ball, Ernesto Laclau, Chantal Mouffe, Wendy Brown, Judith Butler, Homi Bhabha, bem como com Jacques Derrida. Em termos gerais, a política tem sido entendida como processos de signifiXação que também produzem o contexto em que acontecem. Nesse sentido, os discursos políticos são assumidos, como sugere Brown, como uma normatividade performativa ou uma forma de governo com efeitos imprevisíveis. Os projetos desenvolvidos recentemente no grupo têm a ver, principalmente, com o fato de que, em 2017, o governo brasileiro ter exarado um currículo nacional obrigatório para também subsidiar testagens centralizadas em todo o país. Em quatro movimentos distintos, o grupo tem: (a) mapeado as redes das demandas em ação nesse processo, principalmente preocupadas com o crescimento de demandas conservadoras; (b) mapeado as redes ao longo das implementações em curso do currículo nacional ocorrendo nos níveis estaduais, especialmente a atuação da edubusiness durante esses processos; (c) refletido sobre os efeitos das políticas educacionais nacionais sobre as subjetividades de alunos e professores; e (d) trabalhado em colaboração com as burocracias estaduais, escolas e professores para produzir políticas públicas localizadas.

EVELYN DE ALMEIDA ORLANDO
Professora Adjunta Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
INTELECTUAIS CATÓLICAS: EDUCAÇÃO, CULTURA E POLÍTICA NOS CAMINHOS DE LEGITIMAÇÃO, SABERES E MODOS FAZER DA CONDIÇÃO FEMININA (1920-1980)
Esta pesquisa tem como objeto de estudo as intelectuais católicas e seus modos de atuação e constituição como tal. Busca-se em bases ampliadas, analisar a presença feminina católica nos debates intelectuais no Brasil dos anos de 1920 a 1980, sua luta por um lugar de produção e reconhecimento intelectual, seus modos de ser e estar no campo intelectual e os modos pelos quais, seja individual ou coletivamente, elas se organizam e intervém na cena social, a partir do campo católico. Busca-se, ainda, analisar suas ações no entrecruzamento da educação, cultura e política, a fim de melhor compreender o alcance de suas ações e suas projeções no âmbito da esfera pública. O referencial teórico-metodológico está assentado na História Cultural e Intelectual e em estreito diálogo com o conceito de intelectual, de Jean-François Sirinelli e Gisèle Sapiro; intelectuais católicas de Florence Rochefort; campo, de Pierre Bourdieu; práticas e representações, de Roger Chartier, fundamentalmente. Os caminhos metodológicos passam pela apreensão dos seus modos de fazer-se intelectual, observando três principais frentes de atuação: as viagens empreendidas, a publicização de suas ideias pelas mídias impressas, mas não apenas, e as redes de sociabilidade empreendidas. Espera-se que a pesquisa possa contribuir para supera uma lacuna no campo da História da Educação, onde o campo intelectual ainda aparece de forma predominantemente masculino, lançando luz a personagens que participaram muito ativamente dos acontecimentos do seu tempo mas que foram apagadas pela historiografia. Também espera-se que a pesquisa contribua para a desconstrução de um estereótipo feminino, sobretudo quando se trata de educação, ao colocar em discussão as condições de produção dessa noção acerca das mulheres.

FERNANDO ALTAIR POCAHY
Professor Associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)/ Faculdade de Educação/ Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino.
O GOVERNO DA VIDA LONGEVA: (DES)ARTICULAÇÕES NA DIFERENÇA [2022-2025]
A pesquisa em tela busca compreender como determinadas redes enunciativas articuladas na produção da vida longeva evocam e/ou situam o campo educacional (e os seus significantes) como tecnologia de governamento. Partimos da premissa de que as proposições e recomendações globais para o envelhecimento (ativo e saudável) não encontrariam pronta correspondência nas traduções culturais e aplicações geopolíticas que orientam, uma vez verificadas as condições da vida social de cada lugar (país, região, cidade) e marcadores de diferença ( particularmente gênero, raça e sexualidade) entre suas populações. Para analisar a (nova) economia política da verdade e o estatuto social, político, científico e cultural do envelhecimento e da velhice, apoiamo-nos em cartografias de fluxos enunciativos (DELEUZE; GUATTARI, 1997) e na genealogia das práticas discursivas e modos de (auto-)constituição dos sujeitos (FOUCAULT, 2001). A partir dessa perspectiva ético-epistemológica associamo-nos a movimentos pós-críticos na educação (SILVA, 2001; LOURO, 2001; 2007; LOPES, 2013; MEYER PARAÍSO, 2014) em problematizações sobre as relações de poder, diferença e performatividade (SILVA, 2001; LOURO, 2001; 2007; MACEDO, 2006). Com essa finalidade a pesquisa engendra três entradas de problematização: [1] estudo documental em torno das encomendas produzidas a partir dos enunciados globais e suas traduções, pactuações ou recusas e negociações locais; [2]: um estudo sobre cotidianos, práticas educativas e sociabilidades (inter-intra)geracionais; e, por fim, [3] um estudo em síntese crítico-narrativa de correspondência entre os resultados dos estudos [1 e 2], refletindo as condições e as possibilidades de tais redes discursivas no campo educacional e seus efeitos de subjetivação para a(s) vida(s) longeva(s). O espectro empírico inclui rastros e vestígios (i/materiais) da circulação de tais linhas enunciativas, atento à dimensão contexto-dependente (MEYER, 2014) e interseccional (BILGE, 2007; AKOTIRENE, 2019) do campo-tema da pesquisa. O plano de trabalho está alinhado social, cultural e politicamente aos esforços acadêmicos, governamentais e associativos mobilizados frente às urgências de um estado-nação que se (a)firma idoso e, com isso e por conta disso, convocado a educar sua população (ou apenas parte dela) para a longevidade.
FLÁVIA BARBOSA DA SILVA DUTRA
Professora Associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), atuando no Departamento de Educação Inclusiva e Continuada da Faculdade de Educação.
ACESSIBILIDADE EM ESPAÇOS FORMAIS E NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COM ÊNFASE NO ESPORTE E NO LAZER. [2024-2028]
Contemplar
a acessibilidade nos espaços formais e não formais de educação contribui para
novos caminhos a serem percorridos pela pessoa com deficiência, transtorno do
espectro autista ou altas habilidades. Entendemos que a transposição de
barreiras incide numa melhor participação geral em relação ao acesso e
permanência às atividades sociais, acadêmicas e laborais. Por isso, a busca e a
realização de uma acessibilidade básica são primordiais para mudanças
organizacionais no tocante à dissolução de possíveis barreiras existentes.
Assim, através das pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório de Inclusão e
Diversidade (LID), trabalhamos o tema acessibilidade destacando a formação de
recursos humanos e as demandas individuais da pessoa com deficiência,
transtorno do espectro autista ou altas habilidades, tanto nas Universidades
quanto nos demais ambientes, visando a equidade de condições de participação
social nos ambientes de educação formal e não formal, com ênfase no ensino
superior, no esporte (desporto e paradesporto) e no lazer.

FLÁVIA FAISSAL DE SOUZA
Professora Associada do Departamento de Formação de Professores, área de Educação Especial e ensino aprendizagem, da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (FEBF/UERJ).
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA: EQUIDADE, INTERSECCIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE
Este Plano de Trabalho tem como objetivo analisar, com foco na escolarização dos alunos com deficiência, como as ideias de equidade, de interseccionalidade e de intersetorialidade estão inscritas nas políticas sociais e de educação nacionais, e suas traduções, interpretações e atuações em uma escola pública no município de Duque de Caxias/RJ. Esta problemática está ancorada na ideia de que, para além das fragilidades das políticas educacionais e das relações de ensino com o aluno com deficiência, as condições de desenvolvimento dos alunos com deficiência, está diretamente imbricada na relação bidirecional deficiência e pobreza. O que nos aponta para a necessidade de aprofundarmos os estudos sobre as políticas sociais intersetoriais, com destaque ao papel da escola, e a relação da deficiência com outros marcadores sociais da diferença, como classe social, raça e gênero que afetam diretamente o processo de escolarização desses alunos. Para tal, esta pesquisa tem como suporte conceitual, teórico e metodológico as contribuições das abordagens do Ciclo de Políticas e da Atuação de Políticas de S. Ball e colaboradores. Em diálogo com os estudos sobre interseccionalidade, a partir do campo da Educação Especial, de A. Artiles. A pesquisa, para além do trabalho com documentos, será realizada com uma escola da rede pública do município de Duque de Caxias/RJ, por meio de observação/atuação e entrevistas que serão registrados em diário de campo, audiogravações e videogravações, para posterior construção dos dados no processo das análises. Esperamos com essa pesquisa com a escola, além de estreitarmos cada vez mais a relação da universidade pública com a educação básica, a construção de conhecimentos coletivos de forma também a enfrentar os processos de exclusão de direitos que historicamente marcam a vida das pessoas com deficiência, começando pelo direito a educação.

GUSTAVO COELHO
Professor Associado da Faculdade de Educação da UERJ.
OS "SEM SENTIMENTOS": SUJEITOS EM MARGINALIZAÇÃO E A LINGUAGEM
Identificando como um dos efeitos da marginalização na subjetividade, o roubo da palavra íntima, a asfixia da fala singular que fuja do estreito repertório de discursos que já os precedem e já os condenam, há cerca de dois anos desenvolvemos oficinas em contextos variados com pessoas que, ou tenham passado pelo sistema penal, pelo socioeducativo, ou estejam efetivamente neles. Por percebermos que, de algum modo, se instaura uma grave dificuldade em se falar de sentimentos, ou seja, em se falar daquilo que nos compõe mas que não tem bem um contorno nítido, que é uma espécie de alteridade em nós, portanto marca da ética na relação com o outro, fizemos dessa percepção o motivo para uma série de atividades com inspiração psicanalítica com jovens internos no sistema socioeducativo e com jovens e adultos em semiliberdade ou já livres mas que carregam a marca da passagem pelo sistema penal. Este projeto, então, parte de uma expressão, comum de ser anunciada como uma característica “positiva” do criminalizado – o “sem sentimento”. Com uma orientação psicanalítica e retirando consequências do conceito de necropolítica em Mbembe (2014), pretendemos promover o encontro desses sujeitos com suas palavras singulares para o deslocamento de uma posição alienada aos discursos vigentes, no sentido de investigar como as subjetividades marcadas pela identificação como “matável” se divorciam falsamente de seus sentimentos, se fixando numa suposta frieza monstruosa que, em vida, facilita o convívio com sua morte enquanto que iminente. Trata-se, portanto, de um projeto de pesquisa tanto intervencionista quanto teórico.

HUGO HELENO CAMILO COSTA
Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, Jovem Cientista do Nosso Estado- FAPERJ. Núcleo de Estudos em Currículo, Culturas e Subjetividades - NECSUS. https://www.instagram.com/necsus_uerj/
POLÍTICAS DE CURRÍCULO, DISCURSO E CONHECIMENTO: O CASO DO NOVO ENSINO MÉDIO
Neste projeto abordamos as políticas de currículo para a Educação Básica, com foco especial no Novo Ensino Médio (NEM) em suas relações com a política da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Temos dado maior atenção aos sentidos de integração curricular envolvidos nas ideias de ensino por áreas do conhecimento e itinerários formativos, bem como nas críticas relacionadas à organização curricular por disciplinas. Buscamos compreender como os discursos favoráveis e contrários às disciplinas tem disputado, por meio de nomes como o conhecimento, a definição de políticas públicas de currículo. No âmbito do NECSUS (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/779441) tem sido desenvolvidas pesquisas sobre as políticas curriculares para distintas disciplinas, envolvendo contribuições do pensamento da desconstrução, de Jacques Derrida, e do pensamento pós-fundcional, de Laclau, para o aprofundamento da compreensão da política curricular, com especial atenção às interpretações sobre o que é conhecer/conhecimento, sujeito educado, finalidades sociais da educação, entre outras perspectivas que circulam na política. Tais investigações têm sido dinamizadas através de concepções como discurso, tradução, diferença, hegemonia, sujeito e contexto, com o objetivo de pensar a política curricular como texto mais amplo, sob contínua tradução, irrestrito a documentos considerados “oficiais”. Empiricamente, temos abordado: propostas curriculares nacionais, estaduais e locais, produções qualificadas (tais como artigos e capítulos de livros), bem como outras produções que possam estar relacionadas às discussões associadas à BNCC.

JANAINA MOREIRA PACHECO DE SOUZA
Professora adjunta do Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino na Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
MIGRAÇÃO, INTERSECCIONALIDADE E LINGUAGEM: DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Os estudos de interseccionalidade oferecem uma contribuição fundamental para a compreensão da imigração e do ensino do português como língua de acolhimento (PLAc) no Brasil, ao possibilitarem uma análise mais aprofundada e crítica das experiências vivenciadas por estudantes oriundos dos novos fluxos migratórios. Em vez de tratá-los como um grupo homogêneo, a interseccionalidade permite evidenciar como diferentes marcadores sociais – como raça, etnia, nacionalidade, classe social, gênero e língua – se entrecruzam, moldando suas trajetórias educacionais. Essa perspectiva desafia abordagens simplistas sobre o processo de inclusão de estudantes, ressaltando a necessidade de considerar desigualdades estruturais, tais como: i) discriminação linguística; ii) desigualdades socioeconômicas; iii) racismo e xenofobia. Nesse contexto, este projeto propõe reflexões sobre os processos de inclusão de estudantes imigrantes, a partir de algumas questões norteadoras: quem é (ou são) esse(s) sujeito(s) que chegam às escolas brasileiras em condição de mobilidade? Quais são suas histórias, suas línguas, suas identidades e as demandas sociais subjacentes às suas trajetórias educacionais? Como a escola pode acolher, de forma ética e responsável, essas pluralidades que a desafiam cotidianamente? As desigualdades que atravessam esses processos são múltiplas e interligadas, exigindo abordagens pedagógicas que levem em consideração as interseções entre linguagem, identidade e pertencimento. Dessa forma, o projeto busca consolidar o conceito de uma área de investigação necessária e, ao mesmo tempo, pretende contribuir para a construção de políticas e práticas mais inclusivas, que combatam silenciamentos no campo educacional.

JANE PAIVA
Professora Titular na Faculdade de Educação (aposentada) e atuante no Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
CENTRO DE REFERÊNCIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO [2012-2030]
O projeto Centro de Referência e Memória da Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos no Rio de Janeiro realiza-se a partir do Grupo de Pesquisa Aprendizados ao longo da vida: sujeitos, políticas e processos educativos, e tem por finalidade o desenvolvimento de ações visando à consolidação da área da educação de jovens e adultos, por meio da produção, conservação e disponibilização da memória passada e presente e recriação da história da educação popular e da educação de jovens e adultos. Suas ações se referem ao levantamento e à identificação, tratamento técnico (digitalização) e referenciado (segundo a Norma Brasileira de Descrição Arquivística), e organização de material didático e de demais documentos produzidos pelas ou sobre experiências brasileiras de educação popular e de jovens e adultos. O projeto cadastrado como extensão (DEPEXT) também tem a participação de bolsistas de extensão e IC, sob a coordenação de duas professoras do DEIC/EDU (Luciana Banceira Barcelos e Fátima Lobato Fernandes, esta cuidando do acervo virtual disponibilizado). O acervo resgatado tem duas destinações: uma física, sob a responsabilidade da Universidade que o abriga; outra virtual, disponibilizando online, em página web compartilhada por diversos projetos/programas, de maneira a permitir atualizações a partir de novos materiais coletados. Ao mesmo tempo, o acervo online e físico existente, da memória passada subsidia ações de pesquisa e de ensino, presentes e futuras no campo, produzindo investigações sobre materiais, documentos e registros da área, reconstituindo a história de experiências e da ação de seus protagonistas em programas e projetos que alimentam/aram o campo. O acervo se oferece à consulta e subsídio a pesquisadores, professores e alunos de EJA, bem como de cursos de formação de professores na área. A memória resgatada e organizada em acervo documental integra-se a outros movimentos na mesma direção realizados por universidades de diferentes regiões do país e subsidiará pesquisas de diversas naturezas realizadas por universidades e outros centros de pesquisa no campo da história da educação popular e de jovens e adultos, especialmente. Uma dissertação e uma tese já foram produzidas valendo-se do acervo, que integra a documentação em diversas fontes da UERJ.

JOSÉ GONÇALVES GONDRA
Professor Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Bolsista produtividade 1A CNPq
Projeto 1: DESCENTRALIZANDO AS CIÊNCIAS DA INFÂNCIA. PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E REAPROPRIAÇÃO DE CONHECIMENTO ENTRE GENEBRA E OS PAÍSES DO SUL (1919-1980) [2023-2027]
O objetivo deste projeto de pesquisa é examinar a produção, a circulação e a reapropriação das ciências da infância, conforme elas se desenvolveram entre a "Genebra internacional" e os países do Sul entre 1919 e 1980. Até agora, a historiografia tem se concentrado no surgimento e na institucionalização desse conhecimento no mundo ocidental, estudando como ele orientou as políticas educacionais em nível nacional ou local. A circulação transnacional de teorias, dispositivos e métodos, bem como seus vetores e mediadores, também tem sido objeto de vários estudos, principalmente na Europa e na América do Norte. No entanto, a pesquisa acadêmica tem dado pouca atenção ao papel que os países do Sul têm desempenhado nesses processos. Este projeto tem como objetivo preencher essa lacuna, favorecendo uma abordagem histórica global que esteja mais atenta a esses espaços e aos atores que surgiram a partir deles. Mais precisamente, ele propõe uma descentralização do olhar a fim de melhor esclarecer a complexa economia dos "regimes circulatórios" que foram estabelecidos em escala global em torno das ciências da infância, definidas aqui como os campos de conhecimento relacionados às teorias e concepções pedagógicas, políticas de escolarização e alfabetização, profissões de ensino e educação, bem como currículos e métodos.
Projeto 2: A ESCRITA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SABERES, PODERES E SUJEITOS (1808-1834) – FASE V [2022-2027]
A pesquisa focaliza a reflexão historiográfica em torno do período da história da educação brasileira que corresponde ao aparecimento da escola como forma privilegiada de intervenção no curso da vida, funcionamento da sociedade, gestão da população e nos processos de subjetivação. Trata-se, portanto, de privilegiar o estudo referente ao período que corresponde ao funcionamento do Estado Imperial e analisar as representações que vêm sendo forjadas a respeito deste período na historiografia da educação brasileira. Deste modo, pretende-se interrogar a presença dos sujeitos/instituições e as relações dos mesmos com a configuração de problemas, fontes e abordagens na escrita da história da educação brasileira, enfatizando, para tanto, o exame da escrita que recobre o período entre 1808 e 1834. De modo correlato, mas na direção invertida, trata-se de pensar o modo como as configurações referidas procuram instaurar determinadas tradições no que se refere à documentação, acervos e práticas de escrita e ensino de história da educação no Brasil e seus efeitos na formação dos profissionais da educação. Na fase atual da pesquisa dar-se-á sequência ao estudo de experiências nacionais de escrita da história da educação procurando, observar relações entre os projetos de emancipação, independência e recolonização com os processos de construção da nação e de formação do povo. O foco incidirá na experiência brasileira, entre 1808 e 1834, com incursões mais ou menos tópicas nos processos desenvolvidos em outros países dos continentes americano e africano, enfatizando as complexas mediações entre os jogos de saber, poder e protagonismos nos processos de instrução/educação e suas relações com os movimentos emancipatórios.

LEONARDO NOLASCO-SILVA
Professor Associado da Faculdade de Educação da UERJ.
A INVENÇÃO DE SI NOS COTIDIANOS DA CIBERCULTURA: ARTES DE FAZER-SE COM AS TECNOLOGIAS.
A pesquisa pretende acompanhar os modos como as pessoas comuns, usuárias das variadas redes sociais on-line, produzem versões de si destinadas à apreciação pública, valendo-se das inúmeras possibilidades oferecidas pelas tecnologias. Tais exercícios de enunciação – aqui compreendidos como práticas de autoficção – compõem a subjetividade de quem está narrando a si mesmo ao mesmo tempo em que afetam àqueles que consomem tais narrativas, atuando em seus territórios existenciais (Deleuze; Guattari, 2012). A ideia de autoficção (Doubrovsky, 2014) com a qual operamos nessa pesquisa tem a ver com a escrita de si consciente da impossibilidade de representar o real e que, portanto, lança mão dos recursos da ficção para narrar o vivido, sempre alinhavando passagens da vida privada com o contexto mais amplo de uma história coletiva. A autoficção entende que toda biografia é inventada e que a invenção é uma derivação das contingências da memória, constantemente atualizada no presente e pronta para nos “salvar” de algum constrangimento ou coisa que não desejamos confessar. A invenção, contudo, não configura um problema para os nossos estudos, pois não perseguimos uma verdade, mas sim os efeitos que as narrativas podem causar em quem as acessa. Nossa experiência no ciberespaço – uma experiência de ver e de dar-se a ver – faz parte das inúmeras redes educativas de ‘práticasteorias’ que formamos e que nos formam (Alves, 2019) e que tenho chamado, no caso específico da Internet, de redes de ‘práticasteorias’ cibercorporais (Nolasco-Silva, 2024). Trata-se do entendimento de que há uma relação simbiótica entre o humano e o maquínico, de modo que passamos a ressignificar a existência com nossas próteses-dispositivos, assumindo novos hábitos e disposições – entre eles a narração de si através da linguagem hipermídia com vistas ao compartilhamento. Essas hipercomposições de si (Nolasco-Silva; Maddelena, 2022), muito potencializadas no presente com o crescimento vertiginoso das inteligências artificiais, podem ser reveladoras de gestos de desterritorialização (Deleuze; Guattari, 2012), desrostificação (Deleuze; Guattari, 2004), de criação de redes de antidisciplina (Certeau, 2014) e outros movimentos que proponham pensar a vida como obra de arte (Foucault, 1994) ou, pelo menos, investir sobre ela determinadas tecnologias de si (Foucault, 2004), com a finalidade de produzir outras possibilidades de existência. A pesquisa estará interessada em cartografar essas ocorrências, respeitando o anonimato dos usuários, focando naquilo que é narrado e que já está compartilhado nas redes, de forma pública, sem se apegar a dados biográficos, priorizando narrativas/escritas de si que promovam debates nos campos de gênero, sexualidade, relações raciais, trabalho, tecnologias e/ ou outros marcadores sociais e temas correlatos que assumam relevância no decorrer da execução do projeto, considerando a imprevisibilidade e a rapidez com que a agenda da cibercultura se organiza e se reconfigura todos os dias.

LIA CIOMAR MACEDO DE FARIA
É professora titular aposentada da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ. Atua como professora colaboradora no Programa de Pós-graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PROPEd).
HISTÓRIA, MEMÓRIA E EDUCAÇÃO: PENSAMENTO CULTURAL E POLÍTICO NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DO MAGISTÉRIO FLUMINENSE
O presente estudo busca identificar as marcas da construção educacional e social no processo de transição democrática brasileira, recuperando o cenário político da redemocratização. No caso em tela, o fio condutor será a formação cultural/acadêmica e as práticas políticas que inspiraram o professorado. Desta forma, discutindo o processo de construção do pensamento educacional naquelas décadas, em meio a suas contradições, identificando rupturas e permanências circulantes no imaginário docente. Ao analisar a participação de profissionais da educação na política e na cultura, o estudo pretende assinalar os possíveis impactos e vestígios presentes em suas falas e memórias. Nesse sentido, o estudo analisa a participação docente no campo político e cultural, assinalando os impactos e marcas provocados por tais práticas. Logo, o projeto em tela se propõe a buscar vestígios do pensamento cultural e político que contribuíram para a formação da identidade do magistério fluminense e brasileiro.

LIGIA MARIA M. L. LEÃO DE AQUINO
Professora associada da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
EDUCAÇÃO INFANTIL EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO: POLÍTICAS E PRÁTICAS PARA A INFÂNCIA
O presente projeto é um desdobramento do projeto anterior, Unidade de Educação Infantil Universitária: Políticas e Práticas para a Infância em diálogo com o Ensino, a Pesquisa e a Extensão [2018-2021], visando compreender o papel das Unidades de Educação Infantil em Instituições Acadêmicas quanto a sua atuação em pesquisa – ensino – extensão na produção do conhecimento sobre a infância e a educação infantil. Busca-se ainda identificar como o conhecimento produzido a partir dessas unidades se relaciona com as funções precípuas de suas Instituições. Até 2021 as pesquisas por mim desenvolvidas tinham como lócus de investigação as Unidades Universitárias de Educação Infantil, entretanto, nesse novo período que se inicia, o foco se dedica às unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – Rio de Janeiro, de modo a ampliar os estudos realizados até aqui sobre as Unidades Universitárias de Educação Infantil (UUEI). Busca-se considerar mais um tipo de instituição acadêmica, que se caracterizam pelas funções de ensino, pesquisa e extensão. As investigações que temos desenvolvido em nosso Grupo de Pesquisa, desde 2010, sobre as UUEI, permitiram compreender a relevância destas, que para além do atendimento às crianças de 0 a 5 anos, têm funcionado como lócus de ensino, pesquisa e extensão para diversas áreas do conhecimento sobre a infância nas últimas quatro décadas. As UUEI referências para nossas investigações nessa década estão localizada no Estado de São Paulo (Estaduais) e no Rio de Janeiro (Federais), com destaque a da USP-Ribeirão Preto e as da UFF e a da UFRJ. Guardada uma série de diferenças na trajetória e características dessas unidades, elas têm em comum a sua origem associada ao interesse de criar um lócus de ensino, pesquisa e extensão para áreas da Saúde, Educação e Assistência em diálogo com a infância. Outra característica comum é a de terem se organizado para atender às crianças filhas de funcionários e estudantes do ensino superior de suas instituições, isto é, tinham um caráter institucional e assistencial. Esse caráter se altera em várias instituições federais a partir de uma determinação do Conselho Nacional de Educação, a Resolução nº 1/2011 (Brasil, 2011). Entretanto, as unidades de educação infantil da Fundação Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, não se submeteram a essa determinação, fato que instiga a pesquisar essa instituição e sua decisão. Além disso, a educação infantil da Fiocruz, que existe há mais de três décadas, é reconhecida nacionalmente por seu trabalho e produção voltados para a pequena infância. Ao trazer essas unidades para foco de nossas pesquisas, retomamos os percursos metodológicos adotados para investigar as UUEI’s acima mencionadas, no sentido de produzir material que permita compreender o papel das Unidades de Educação Infantil em uma Instituição Acadêmica como a Fiocruz, mas agregando outros instrumentos e estratégias que deem conta de suas especificidades. A pesquisa continuará a fundamentar-se, como nas pesquisas anteriores, em literatura especializada sobre infância, educação infantil e produção do conhecimento acadêmico, recorrendo a estudos de diversas áreas das Ciências Humanas, especialmente a História, Sociologia, Ciência Política e Educação. Para o próximo trênio visamos retornar aos estudos de Fúlvia Rosemberg (1992; 1996; 1998; 2006; 2011) e suas contribuições para pensar a infância e as políticas a elas destinadas. Temos identificado a necessidade de aprofundarmos os estudos feministas, uma vez que a infância e as condições de vida das crianças permanecem intensamente vinculadas às mulheres e seu lugar na sociedade. Outro foco trazido para construção do quadro teórico que embase nossas análises está na temática sobre a negritude, visto que as condições de vida da população negra no Brasil são profundamente marcadas pelo racismo, elemento estrutural em nossa sociedade, o que exige seu enfrentamento. Essas duas questões precisam ser abordadas na sua interseccionalidade, que temos como referências iniciais Angela Davis (2018), Hirata (2014), Lélia Gonzalez (em Rios e Lima, 2020), Sueli Carneiro (2011), Ana Isabel González (2010), Federicci (2019), Faria (2006), Oliveira e Abramowicz (2009), Rosemberg (1996; 1998; 2011), dentre outros. Os instrumentos metodológicos já adotados anteriormente nas investigações nas UUEI serão retomados para esse novo campo, como a ficha de identificação da unidade, planilha Excel para catalogação da produção acadêmica, caderno de campo e entrevistas a serem definidas no contato com a equipe responsável pelas unidades da Fiocruz e a autorização de acesso às unidades. A metodologia e os instrumentos utilizados podem ser redefinidos no processo de desenvolvimento da pesquisa e conforme questões relevantes e afetas aos objetivos da pesquisa emerjam do campo e, ainda, com as contribuições da revisão bibliográfica e a análise do material.

LISANDRA OGG GOMES
Professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no Departamento de Estudos da Infância
A POLÍTICA COMO DIREITO DAS CRIANÇAS: DEMOCRACIA, PARTICIPAÇÃO E CIDADANIA NA INFÂNCIA
A proposta dessa pesquisa tem como foco a política, infância e as crianças. O objetivo principal é compreender como crianças – dos 2 até 12 anos – atuam de forma política em seus contextos sociais, públicos e privados, na relação e interação estabelecida com seus pares e demais gerações. De que forma as crianças são sujeitos políticos em seus contextos sociais? Se o são, como atuam politicamente? Como são as atividades políticas das crianças? Quando as crianças agem como sujeitos políticos? É uma investigação qualitativa-quantitativa realizada por meio observações, conversas, captura e análise de dados socioeconômicos que auxiliam na compreensão: (a) da agência política de crianças, com atenção ao dinamismo de realidades em constantes transformações na busca pelo direito à liberdade de falar e agir pelo bem comum, (b) das formas de atuação e discursos das crianças em razão da normatização da geração e dependência dos adultos para a ação efetiva na sociedade.

LUCIANA VELLOSO DA SILVA SEIXAS
Professora Adjunta no Departamento de Ciências Sociais e Educação (DCSE) da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
SOCIABILIDADES E MÚLTIPLAS LINGUAGENS NO ‘SENTIRPENSARFAZER’ A EDUCAÇÃO NA CIBERCULTURA
A partir do entendimento da educação como obra de arte em suas diferentes formas de expressão, por meio de múltiplas linguagens, pensada como uma realização estética e de valorização da potência artística essa pesquisa objetiva possibilitar aos estudantes do curso de Pedagogia e pesquisadores do campo educacional um trabalho pautado no diálogo com diversas linguagens artísticas: sonora, imagética, poética, humorística, teatral, entre tantas outras que fazem parte do conhecimento cotidiano. Com essa intencionalidade, empreendo a bricolagem da ciberpesquisa-formação (Santos, E., 2014; 2019), aos princípios da multirreferencialidade (Ardoino, 1998; Macedo, Galeffi e Pimentel, 2009) e à pesquisa com os cotidianos (Alves, 2008; Andrade N., Caldas e Alves, 2019; Certeau, 2011). Apostamos na inventividade de modo a cocriarmos com os dispositivos digitais em rede em nossas relações sociais em contexto cada vez mais cibercultural (Santos, 2019; Lemos, 2002; Lévy, 1999) em que vivemos, dialogando com as demandas acadêmicas mais formais. Nas conversas que serão estabelecidas com ‘docentesdiscentes’ do curso de Pedagogia – em serviço e em formação – serão acionados atos de currículo (Macedo, 2013) disparadores de narrativas que permitem melhor compreender a linguagem artística como possibilidade de criação curricular e as artistagens (Corazza, 2006; Carvalho, Silva e Delboni, 2022) que perpassam o campo da educação. Desse modo, a integração de múltiplas linguagens artísticas conjugadas aos textos escritos, permite que os ‘praticantespensantes’ criem ‘conhecimentossignificações’ em diálogo com o ‘dentrofora’ dos muros da Universidade, sem hierarquizações entre cotidianos e ciências, mas como potências criadoras e criativas.

LUIS PAULO CRUZ BORGES
Professor Adjunto do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ)
ENTRE O FRACASSO, O SUCESSO E O FUTURO: O QUE DIZEM JOVENS ESTUDANTES EGRESSOS DA ESCOLA PÚBLICA
O Grupo de estudos e pesquisa (re)imaginação da escola e do futuro com as infâncias e juventudes (GEPRIF) dedica-se a investigações interdisciplinares. Temos como temáticas centrais escolas, infâncias e juventudes, sentidos de futuro/futuridade e conhecimentos em circularidades que se dão no plano da cultura e do cotidiano. Buscamos (re)pensar e problematizar uma educação pautada nas interseccionalidades, (re)imaginação e vocalização dos atores sociais com os quais dialogamos. Acreditamos e pesquisamos na diferença, com subjetividades e por meio dos afetos criando sentidos/conhecimentos que sejam emancipatórios e insurgentes nos processos educacionais contra as desigualdades socioeducacionais e opressões (raça/cor, gênero e sexualidade, credo e religiosidade, classe etc.). Dessa forma, o presente projeto de pesquisa tem como objetivo geral investigar/articular os sentidos de fracasso, sucesso e futuro de jovens estudantes egressos da escola pública que não concluíram o Ensino Médio. Queremos escutar os jovens sem diploma de conclusão da Educação Básica. O objeto de estudo está orientado a partir da relação dos jovens, na condição de estudantes, com o conhecimento, a escola e o futuro. Metodologicamente pauta- se na fronteira entre Educação e Ciências Sociais utilizando-se de entrevistas semiestruturadas e grupos de discussão como forma de apreensão da realidade social, sobretudo, operando a partir das vozes dos atores sociais investigados. Questiona-se: como jovens egressos do Ensino Médio da Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro se relacionam com a escola pública a partir das ideias de fracasso, sucesso e futuro. Argumenta-se que o conhecimento escolar, entendido como atos de significação, é uma dimensão criadora dos modos de subjetivação e diferença, capaz de permitir a emergência de transformações sociais no contexto da escola pautando-se no futuro como direito cultural e de existência (Appadurai, 2015). Descrevem-se as vozes estudantis que se misturam à interpretação do Grupo de Estudos e Pesquisa (re)imaginação da escola e do futuro, que só se faz existente a partir de mudanças profundas em sua arquitetura moderna.

LUIS THIAGO FREIRE DANTAS
Professor adjunto de Filosofia da Educação no Departamento de Estudos da Subjetividade e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
ENTRE NATUREZAS E CULTURA: A DESSEMELHANÇA NOS ESPAÇOS FORMATIVOS
Essa pesquisa tem como principal problematização a ―dessemelhança‖ como elemento impensado no discurso filosófico e educacional. Com isso, nós propomos uma percepção acerca de como a relação natureza e cultura expressa múltiplos espaços para a formação humana. Isso condiciona para uma produção de conhecimento a partir de epistemologias (africanas e ameríndias) que projetam outros entendimentos sobre a noção de humanidade. O ponto inicial trata-se de uma pergunta formulada por Achille Mbembe em Crítica da Razão Negra: ―como pensar a diferença e a vida, o semelhante e o dessemelhante, o excedente e o em comum? em que destacamos o termo ―dessemelhança‖ e a partir disso articulamos com as expressões culturais dos povos subalternizados. Fundamentada nessa pergunta, essa pesquisa aprofunda-se em três caminhos: 1) a transdisciplinaridade deve ser entendida como meio de diálogo entre epistemologias; 2) o encontro de várias cosmologias confronta-se com a produção de assimetrias; e 3) a linguagem dessas cosmologias relaciona-se exteriormente pelo equívoco. A investigação traça o caminho com diferentes geografias do pensamento: a teoria decolonial com Santiago Castro- Gomez (2007), Nelson Maldonado Torres, Walter Mignolo (2003), Maria Lugones e Catherine Walsh (2007); o movimento da contra-colonização de Antônio Bispo dos Santos (2015); a filosofia africana de Eduardo David de Oliveira (2020), Mogobe Ramose (2011), Severino Ngoenha (2011) e Marcien Towa (2011); a antropologia ontológica de Eduardo Viveiros de Castro (2015); e a teoria da educação de Jorge Larrosa Bodía (2002), Paulo Freire (2019), bell hooks (2013), Muniz Sodré (2015) e Vanda Machado (2013). Com esse repertório de referências, a pesquisa investiga o movimento de vivenciarmos a música com o Rap, o Samba, o Jongo, a dança com o breaker, o passinho, o toré e nas artes plásticas de Rosana Paulino, Samuel de Saboia, Jaider Eisbel como conflitos da natureza de corpos que usualmente é lido negativamente como um ―erro‖. Porém, esperamos evidenciar que nessas vivências culturais há pontos de vistas sobre os corpos, em que se criam múltiplas humanidades nesses espaços de formação.

LUIZ ANTONIO GOMES SENNA
Professor Titular na Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
LARES URBANOS – A LINGUAGEM NOS MODOS DO PENSAMENTO E ORDENAÇÃO DO TEXTO FOTOGRÁFICO
Trata-se de projeto integrado à agenda de trabalho do atual ciclo de estudos do grupo de pesquisa Linguagem, Cognição Humana e Processos Educacionais, um período de particular interesse para o seu desenvolvimento acadêmico, no qual se traz em evidência a figura dos sujeitos da educação inclusiva, não mais a partir de suas demandas, mas de suas propriedades como personagens no teatro da cultura escolar. Busca-se neste ciclo de estudos identificar traços dos sujeitos cognoscentes em demanda de inclusão escolar que nos proporcionem evidência de sua efetiva condição de assumir o papel de “alunos” sem o prejuízo presumido de défices de aprendizagem ou deficiências. Neste sentido, focaliza-se o comportamento manifesto pelo aluno – em esquemas de conduta ou formas de expressão – a fim de caracterizar o sistema de representação em que este se sustenta e, consequentemente, caracterizar o próprio aluno como um sujeito cognoscente singular. O atual ciclo de estudos engloba os seguintes campos de investigação: (a) a natureza dos aspectos psico-sociais que contribuem para o desenvolvimento da identidade do sujeito da educação básica e interferem no aprendizado e uso da língua escrita alfabética; (b) o impacto dos modos pensamento sobre os processos de leitura e produção de textos; (c) o conceito e as propriedades fundamentais da aula que se desenvolve em ambientes de aprendizagem hipertextual (objeto de investigação do Laboratório de Linguagens e Ambientes Virtuais de Aprendizagem – LaborAt). O projeto Lares Urbanos – A linguagem nos modos do pensamento e ordenação do texto fotográfico tem por objetivo analisar a interferência dos modos do pensamento e dos processos mentais de ordenação dos termos constituintes do texto expresso na fotografia de diferentes representações do conceito de “lar”, visando a observar analogias e diferenças com relação ao processo de constituição de textos em línguas verbais e de sinais. Pesquisa baseada na elaboração de fonte primária de dados constituído por 500 fotografias produzidas em cinco diferentes regiões selecionadas segundo critério de representatividade e composição de corpus de dados indexados a partir de parâmetros categoriais passíveis de registro e hierarquização em feixes de traços classificatórios. Conclusões a se somarem aos esforços de pesquisa acerca dos fatores determinantes na produção textual de sujeitos com custo de aprendizagem no processo de alfabetização ou diferentes níveis de analfabetismo funcional

MAILSA CARLA PINTO PASSOS
Professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
INTERCULTURALIDADE E ECOLOGIA DE SABERES: ENCONTROS ENTRE SUJEITOS AFRODIASPÓRICOS E A UNIVERSIDADE
Os objetivos da pesquisa aqui proposta é compreender como sujeitos afrodiaspóricos periféricos significam a universidade e os saberes que nela circulam, bem como perceber como fazem circular, na universidade, os seus saberes e repertórios. Tais objetivos coadunam com questões surgidas a partir dos projetos anteriores1 do Grupo de Pesquisa, e de seus resultados; são oriundos do diálogo com as populações da diáspora negra, seus repertórios culturais, suas concepções de conhecimento e de arte.

MÁRCIA CABRAL DA SILVA
Professora Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Educação
LIVROS ESCOLARES DE LEITURA NA PRIMEIRA REPÚBLICA BRASILEIRA: UMA MORFOLOGIA (1889-1930) FASE II [2024-2027]
Os livros escolares de leitura que circularam na Primeira República brasileira apresentam, com frequência, dupla fisionomia. Por um lado, identificam-se narrativas construídas a partir de elementos ficcionais, tais como enredos e personagens. Por outro, temas e símbolos que os alinham à instrução, como o ambiente das escolas, a mediação de professores e a aprendizagem da língua materna. Nesta pesquisa – Livros Escolares de Leitura na Primeira República Brasileira: uma morfologia (1889-1930) Fase II - busca-se examinar os livros de leitura raramente citados na historiografia. O objetivo deste estudo consiste, portanto, em se ampliar a compreensão do livro escolar de leitura como dispositivo cultural para a formação das crianças do período, assim como instrumento mediador entre os pais, os professores, as crianças e a proficiência em leitura. Além disso, busca-se examinar pequenas e grandes editoras que facultaram a produção e a circulação desse tipo de livro, o que significa compreender uma atividade que envolve expressivos elementos da vida nacional. Seu aspecto gráfico combina valores culturais e ideológicos. A produção deste produto requer a disponibilidade de produtos industriais importados, matérias-primas, condicionadas a fatores geográficos, políticos, culturais e educacionais. De tal modo, face a lacunas identificadas na primeira fase da pesquisa Livros Escolares de Leitura na Primeira República Brasileira: uma morfologia, almeja-se por meio desta pesquisa identificar e analisar obras, editoras, trajetórias de autores e editores esquecidos ao longo de um período importante no que diz respeito à malha escolar primária e livros escolares a ela endereçados.

MARIA CELI CHAVES VASCONCELOS
Professora Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
DA EDUCAÇÃO DOMÉSTICA À EDUCAÇÃO DOMICILIAR: QUANTO DE PASSADO NO PRESENTE?
O Projeto tem como problema de pesquisa a análise das circunstâncias que envolviam e como ocorriam as práticas de educação doméstica no Rio de Janeiro oitocentista que, progressivamente, foram sendo substituídas pela escola instituída, tornando hegemônico o processo de escolarização. Complementando a questão problema, examina-se o movimento inverso, um século depois da supremacia incontestável da escola, quando sua exclusividade começa a ser questionada e a educação doméstica volta a ser pensada como uma modalidade instituída de educação, como pretendem algumas famílias adeptas da “educação domiciliar”, modalidade que tem conquistado seguidores, espaço na mídia e defensores para a sua regulamentação por meio de uma Legislação aprovada no Parlamento brasileiro. Diante desse contexto, a pesquisa pretende evidenciar o quanto de passado a educação domiciliar possui das práticas de educação doméstica realizadas no oitocentos, em suas motivações, escolhas, práticas, manuais, comportamentos, perspectivas, receios, autonomia e divergências em relação ao poder público e ao sistema instituído. Para tanto, ressalta-se o diálogo com o referencial teórico de Reinhart Koselleck (2014; 2020), para quem os conceitos partem de experiências antecedentes e se desprendem delas incorporando outras, em um constante ir e vir de expectativas, sobrepondo-se passado e presente. Trata-se de uma pesquisa histórico-documental, que abrange um repertório diversificado de fontes, destacando-se periódicos, relatórios oficiais, literatura da época, egodocumentos, registros de viajantes etc., buscando argumentos em defesa da escolarização e ressignificações entre passado e presente. Como resultados obtidos, o Projeto tenciona contribuir não apenas para estudos no campo da história da educação, mas trazer elementos para discussão atual, na qual a educação doméstica, “reconceituada”, volta ao debate evidenciando seus limites como uma modalidade de ensino.

MARIA DA CONCEIÇÃO SILVA SOARES
Professora Associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, na Faculdade de Educação
ONDA COREANA E EDUCAÇÃO: K-DRAMAS, APROPRIAÇÕES POR DOCENTES/DISCENTES E ATRAVESSAMENTOS NOS CURRÍCULOS CRIADOS NOS/COM OS COTIDIANOS DENTROFORA DAS ESCOLAS E DE CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORAS
A Hallyu, como é conhecida a onda coreana, está consolidada em todo o mundo e suas origens e expansão têm a ver, entre outros fatores, com investimentos do governo e de empresas privadas da Coréia do Sul em cultura pop. Relaciona-se também com os usos crescentes dos meios de produção e circulação de conteúdos audiovisuais na/com a Cibercultura, seja por produtores ou por usuários comuns. O termo Hallyu, criado na década de 1990, busca abarcar a popularização das produções culturais sul coreanas e seus efeitos em vários países que compõem o mercado global de consumo da indústria cultural, inclusive o Brasil. Trata-se, portanto, da conveniência da cultura como recurso, conforme propôs George Yúdice, para finalidades diversas e, principalmente, como diferenciação e moeda de troca no mercado global. Tal fenômeno não pode ser pensado sem que sejam consideradas as características contemporâneas do capitalismo, as quais, além da movimentação de capital financeiro, se concentram na circulação de bens, serviços e informação. Entre os produtos sul coreanos lançados no mercado internacional destacam-se filmes, novelas/séries (k-dramas), músicas (entre elas as trilhas sonoras originais dos dramas – denominadas como OST, Original Sound Track), livros, jogos, turismo, cosméticos, moda e alimentos, assim como aqueles cuja percepção é mais sutil, tais como padrões de beleza, comportamentos, significações e valores. Nas pesquisas que nos propomos a desenvolver com os cotidianos das redes educativas e culturais dentrofora das escolas e de contextos de formação de professoras nos ocuparemos da recepção de filmes e de k-dramas, focando nas suas pedagogias culturais, nos mecanismos empregados para a popularização e nos modos pelos quais eles são apreendidos por discentes e docentes da educação básica e de cursos de Pedagogia. Buscamos compreender o que eles fabricam com os usos que fazem do que lhes é oferecido e imposto, produzindo com suas práticas outras coisas, informadas por outros interesses e outros desejos, conforme nos indica Michel de Certeau. O Brasil é um dos maiores mercados consumidores dessas produções segundo informações dos serviços de streaming que as exibem e, às vezes, coproduzem, tais como a Netflix, a Rakuten Viki e a Kokowa. Com o crescimento do consumo, outras plataformas passaram a investir no mercado brasileiro, entre elas a Disney, a Star+, a Amazon Prime, a HBO Max e a Bandplay. Para além disso, tais produções povoam as redes sociais na Internet através de aplicativos como o Instagram, o Facebook, o Tik Tok, o Telegram e diversos fansubs (grupos de fãs que, em concorrência com as ofertas comerciais, distribuem legendas e/ou obras). Trata-se, portanto, de operações de usuários que as citam, divulgam, comentam, compartilham e exibem. Dessa forma, dramas sul coreanos entram nas escolas sem pedir licença, produzindo atravessamentos nos currículos tecidos em redes (Nilda Alves). Nos interessa pensar com estudantes e professores que consomem tais produções os usos que fazem delas e a ressignificação que operam criando sempre diferença em relação aos endereçamentos, aos comportamentos, aos hábitos, à tradição, aos valores, aos descentramentos culturais, aos padrões de beleza, de masculinidade e de feminilidade, às concepções sobre educação e sobre tecnologia, como também em relação à outras questões sociopolíticas agenciadas, tais como o preconceito contra asiáticos, a desinformação sobre a história e a geografia do extremo oriente, o gênero e a sexualidade, o capacitismo, o suicídio entre jovens e a competividade nas escolas. A pesquisa pretende ainda pensar os processos de subjetivação que se engendram com essa prática de uso e ressignificação e os processos curriculares criados, partindo da premissa que os currículos são tecidos no entrecruzamento de diferentes redes de significações que emergem em/com os múltiplos contextos vividos, entre eles os usos das mídias (Nilda Alves). Trabalharemos com o aporte teórico das Pesquisas com os Cotidianos, dos Estudos Culturais, dos estudos das Audiovisualidades (imagens e sons), dos estudos da Cibercultura, dos estudos sobre Gênero e das teorias de Currículo. Como procedimentos metodológicos, realizaremos observações participantes em cotidianos escolares e de cursos de formação, análises de filmes e de k-dramas, conversas e análise/produção de comentários e debates nas redes sociais por meio de diversos aplicativos, bem como o que mais surgir como possibilidade no decorrer do processo, produzindo, dessa forma, os dados que irão compor o corpus da pesquisa.

MARIA LETÍCIA CAUTELA DE ALMEIDA MACHADO
Professora Associada da Faculdade de Educação - Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino; Área de Linguística Aplicada à Alfabetização e ao Letramento - UERJ/RJ.
PRINCÍPIOS, PROCESSOS E POLÍTICAS DE ALFABETIZAÇÃO: A DIVERSIDADE NOS MODOS DE ENSINAR E DE APRENDER
Considerando que embora os processos de alfabetização exerçam papel estruturante na formação do indivíduo, os indicadores oficiais nacionais e internacionais sinalizam para a persistência de altos índices de analfabetismo funcional no Brasil (IPM, 2023; INEP, 2023), especialmente entre sujeitos oriundos de segmentos sociais historicamente excluídos ou em situação de periferia em relação à cultura científica dominante. Apesar dos esforços das escolas públicas para ensinar os estudantes do Brasil e do empenho das universidades brasileiras para garantir uma formação de qualidade para os professores, os números vêm indicando que continuam sendo concebidos indivíduos que passam pelas instituições de ensino sem constituírem os conhecimentos escolarizados de base, dentre eles o mais fundamental de todos: a elaboração da leitura e da escrita. Nesse sentido, o presente projeto tem como objetivo discutir políticas, princípios e estratégias pedagógicas de alfabetização que, ao considerarem os diferentes sujeitos que constituem as escolas públicas brasileiras, efetivamente contribuam para a formação de leitores e escritores. Assim, busca-se salientar os processos de ensino e de aprendizagem da língua escrita sob vértices que os definem, conceitualmente, pedagogicamente e politicamente, de forma a contemplar a diversidade humana, com vista à inclusão social. Para tanto, propõe-se como opção metodológica o desenvolvimento de uma pesquisa de base teórico-prática, de natureza essencialmente qualitativa, nos moldes de uma pesquisa-ação. Farão parte das ações metodológicas: revisão sistemática de literatura (RSL), um estudo exploratório documental, entrevista com professores alfabetizadores e agentes do Atendimento Educacional Especial (AEE) e análise de produções escritas de estudantes em processos de alfabetização.

NILDA GUIMARÃES ALVES
Professora emérita da UERJ (2022). Professora titular na Faculdade de Educação/UERJ e Faculdade de Educação/UFF (aposentada em ambas). Pesquisadora emérita da FAPERJ, com exercício na UERJ, no Programa de Pós-graduação em Educação (campus Maracanã) e no PPGE-Processos Formativos e Desigualdades Sociais (Câmpus S. Gonçalo).
CURRÍCULOS ‘PRATICADOSPENSADOS’ NOS COTIDIANOS – CRIAÇÕES CURRICULARES PARA ALÉM DA ESTRUTURA EM DISCIPLINAS
O presente projeto tem o interesse de, a partir das inúmeras redes educativas que todos formamos e nas quais nos formamos, compreender os processos pelos quais a estrutura dos currículos em disciplinas, por um lado, é afirmada como a única organização possível, e como, por outro lado, ações de docentes, em todos os níveis de ensino, de ações oficiais e de busca de pesquisadoras/pesquisadores vêm indicando outras possibilidades de articulação curricular. O projeto se desenvolve em dois movimentos: no primeiro, realizaremos cineconversas em torno de filmes que trazem os mundos das escolas em imagens e sons e de filmes que trazem a possibilidade de compreender as articulações entre Educação e Cultura, com docentes em serviço e em formação, nos municípios de S. Gonçalo, Nova Friburgo e Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro, bem como com docentes em serviço na região da Serra e Vitória, no Espírito Santo, no município de Manaus, no Amazonas, e no município de Salvador, na Bahia, estendendo assim, o projeto, nacionalmente. No segundo movimento, serão realizadas conversas com docentes formadores de docentes em universidades públicas de diversos cursos: UERJ (campus Maracanã e S. Gonçalo); Universidade Federal do Espírito Santo; Universidade do Estado do Amazonas; Universidade Federal da Bahia e Instituto Superior da Bahia; Universidade Federal da Paraíba. A pesquisa se dará em torno das seguintes ideias: as redes educativas e as múltiplas relações entre os tantos ‘dentrofora’ das escolas para ‘fazerpensar’ currículos; a tessitura de ‘conhecimentossignificações’ em currículos; os processos curriculares como sempre em mudanças, fazendo-nos pensar em ‘currículos migrantes’; imagens, sons e narrativas como “personagens conceituais”; as ‘conversas’ como lócus central em processos de pesquisa. Os autores com os quais ‘conversaremos’ continuam a ser: Certeau, Deleuze, Guattari e Maturana, bem como autores brasileiros e latino-americanos que com eles trabalham, desenvolvendo pesquisas dentro da corrente a que chamamos pesquisas nos/dos/com os cotidianos e com aspectos das áudio-visualidades. Lembramos ainda que, em todo o processo, nas ações no campo da Educação, existe sempre, uma articulação entre Ética, Estética, Política e Poética.

PAULA LEONARDI
Professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
PROJETO 1: EDUCAÇÃO E RELIGIÕES NO ESPAÇO/TEMPO DAS CIDADES
Ao longo da história, as religiões se fazem presentes na gestão e organização dos espaços nas cidades e na formação dos cidadãos de diferentes formas. Compreender essas formas, as permanências e mudanças das religiões em sua ligação com a educação são os objetivos dessa pesquisa. Focaliza, especialmente, a presença da Igreja Católica na cultura, suas marcas e as práticas educativas na cidade do Rio de Janeiro entre 1890 e 1930. Tendo em conta que a organização social do espaço e dos lugares de memória têm implicações na construção e na dinâmica de identidades individuais e sociais, a hipótese que norteia esta pesquisa é que essa participação pode ter se dado por meio da difusão de uma moral e comportamentos específicos produzidos pela construção de “monumentos” e pela realização de rituais públicos, caracterizados por uma pedagogia da memória. Em fins do século XIX, a Igreja construiu uma série de regulamentações para normatizar a ação dos religiosos na América Latina em uma verdadeira política cultural para a região. Dentre as principais ações estavam: a imprensa católica; a educação; monumentos e a intervenção no espaço urbano. Congregações estrangeiras iniciaram um processo de imigração para o Brasil que percorreu o século XX por oito décadas ininterruptas. Para o caso da cidade do Rio de Janeiro, é possível recortar um período de concentração deste processo entre 1890 e 1930. Marcam o período as reformas de urbanização e a construção do monumento e santuário do Cristo Redentor. Vinculado a um projeto de pesquisa mais amplo composto por outros pesquisadores, este projeto e a construção do mapa permitirá que outras pesquisas coloquem em relação a distribuição dos monumentos católicos (escolas e santuários), no espaço e no tempo com outras instituições educacionais públicas, privadas e de outras confissões.
PROJETO 2: MARCAS NA CIDADE: CULTURA VISUAL, CRISTIANISMO E FORMAÇÃO DO CIDADÃO
A partir da constatação de retrocesso na laicidade brasileira apontado por Cunha (2023) e de dados do IBGE sobre avanço do neopentecostalismo no Brasil, esta pesquisa tem por objetivo identificar e analisar as várias maneiras como as igrejas cristãs e os fiéis socializam/educam/formam o olhar e a memória dos sujeitos que habitam a cidade a partir de símbolos e imagens. A hipótese desta investigação é apoiada nas indicações de Sanchis (1994) e Setton (2008) de que é preciso estudar a laicidade e o ensino religioso no âmbito de práticas e artefatos da cultura. Supõe que as religiões cristãs se espraiam pela cidade, dentre outros meios, pela cultura visual, símbolos e imagens difundidos em diversos suportes e produzidos não apenas institucionalmente como também pelos fiéis. Religiões são espaços de construção de sentido, e as pessoas que aderem a ela produzem, transmitem, negociam e apreendem dispositivos físicos, mentais e intelectuais que contribuem na construção do mundo social (SETTON, 2008). Pretende-se compreender a produção, a difusão e a recepção de símbolos e imagens nas diferentes cidades de atuação dos pesquisadores deste e nas diferentes faces do cristianismo, ainda que não consigamos cobrir todas as denominações. Edifícios, logo marcas, imagens em textos e imagens narradas, vídeos, postagens em redes sociais, artefatos, pichações, grafites e entrevistas estarão entre as fontes que serão coletadas de diferentes períodos históricos. A pesquisa parte de indagações do presente, inspira-se na filosofia da história de Walter Benjamin (1994) e no modo de fazer história de Carlo Ginzburg (1989). Acompanha reflexões da produção do conhecimento que considera o quanto monumentos da cultura podem transformar-se em monumentos da barbárie assim como ferramentas de transformação em momentos cristalizados de tensão, explodindo o continuum da história. Para apreendê-los, é preciso o fazer pesquisa em slow down, a qualidade da observação e da análise são o foco.

RAQUEL GOULART BARRETO
Professora Associada da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Grupo de Pesquisa: Educação e Comunicação. www.educacaoecomunicacao.org
POLÍTICAS DE SUBSTITUIÇÃO TECNOLÓGICA: DO TRABALHO DOCENTE À ESCOLA PÚBLICA?
Como o anterior (―Dimensões da substituição tecnológica nas políticas educacionais: o caso da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro‖), este projeto está centrado no movimento de expansão de um modo específico de incorporação educacional das tecnologias da informação e da comunicação (TIC): o que as concebe em lugar dos processos historicamente constituídos. Formular a noção de ―substituição tecnológica‖ permitiu superar as abordagens restritas ao modus operandi das propostas, remetendo à expropriação do trabalho docente, seja ela total, como no ensino à distância (EAD), seja parcial, pela utilização intensiva, muitas vezes imposta pela avaliação, de materiais de ensino relexicalizados como ―objetos de aprendizagem‖. O movimento atual sugere a extrapolação do trabalho docente, adquirindo dimensão institucional. Os atuais discursos das políticas educacionais, capitaneados pelo empresariado, como em ―Todos pela educação‖, são constituídos por um suposto filantropismo, sugerindo que a precariedade das escolas possa ser vista como obstáculo contornável pela intervenção das grandes plataformas (GAFAM: Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft). Do ―ensino remoto emergencial‖, a tendência tem sido a de defender o―ensino híbrido‖, em um enredo de simplificações que atingem diretamente a escola pública. Este movimento, expresso por aspectos semânticos, sintáticos e pragmáticos, é a hipótese de trabalho que sustenta o presente projeto.

RITA DE CÁSSIA PRAZERES FRANGELLA
Professora Titular da Faculdade de Educação da UERJ. Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação - Proped (a partir de out/2023). Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. Bolsista de Produtividade do CNPq. Grupo de Pesquisa: Currículo, formação e educação em direitos humanos. http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhorh/1090641466362716. https://curriculo-uerj.pro.br
COMPROMISSO NACIONAL CRIANÇA ALFABETIZADA: INVESTIGANDO POLÍTICAS CURRICULARES TERRITORIAIS DE ALFABETIZAÇÃO E FORMAÇÃO.
Esse projeto tem como objeto de estudo o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada e objetiva analisar como se efetivam na proposição de políticas-práticas curriculares duas das diretrizes do Compromisso (art. 4, inciso I e II) que são: o reconhecimento da autonomia dos entes federativos e do papel indutor, articulador e coordenador do Ministério da Educação na realização das políticas públicas de educação básica. Numa análise preliminar, observa-se como central na proposição do Compromisso a ideia de protagonismo docente e das redes públicas no desenvolvimento de políticas curriculares próprias de alfabetização e formação de alfabetizadores, alinhado ao conceito de território, mobilizado na indicação de políticas territoriais estaduais de alfabetização e formação. A tomada da ideia de territorialidade é acionada associada à promoção de equidade e justiça social. Observa-se que a ideia de território põe em disputa sua própria significação em meio aos jogos de poder nele encenados e discutir essa ideia, na tensão com uma perspectiva de diferença que, se subsumida numa ideia de igualdade implica em homogeneização, mobiliza os esforços analíticos propostos nessa pesquisa. Assim, busca-se discutir a questão emergente no campo que discute a ideia de justiça curricular. Tais questões de pesquisa se desenvolvem assentada numa perspectiva discursiva pós-estrutural acerca de um entendimento do currículo. Nesse registro teórico considera-se a produção de políticas curriculares uma luta por significação que se dá nos consensos parciais, nas contigencialidades e nas operações hegemônicas constitutivas dos modos de pensar-fazer o currículo. Portanto, o presente projeto visa acompanhar a feitura da política que, em sua proposição, destaca o protagonismo docente e o incentivo à multiplicidade de propostas, tantas quanto possíveis de serem gestadas em contextos diferentes e aí entendendo que essas diferenças não serão subsumidas/submetidas à uma política unitária generalizante.

RITA RIBES PEREIRA
Professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
CRIANÇAS, MULHERES, MOVIMENTOS SOCIAIS: EXISTÊNCIAS, UTOPIAS E POLÍTICAS DO CUIDAR
Este projeto situa-se no campo interdisciplinar dos estudos da infância e tem por objetivo a problematização das formas e condições de existência de crianças-e-mulheres nas sociedades contemporâneas. Visamos uma perspectiva alteritária e interseccional de pensar a infância, que leve em conta as diferenças e desigualdades que se fincam em marcadores sociais como idade, geração, raça, gênero e classe, na medida em que evidenciam a impossibilidade de separar estruturalmente capitalismo, colonialismo, racismo e patriarcado. É nessa perspectiva que chegamos ao binômio crianças e mulheres, na medida em que coexistem e se afetam radicalmente, seja na experiência estrutural da desigualdade na vida cotidiana e na morte, seja na disputa pelas narrativas da história e na produção da memória social ou, ainda, na complementaridade paradoxal das políticas de educação e de cuidado. Tendo a infância e a relação crianças e mulheres por tema central, o estudo se desenha no diálogo entre a ciência e a arte e tem por estratégias metodológicas a pesquisa bibliográfica e documental, a fruição e análise de obras artísticas, a observação atenta de cenas do cotidiano, e registros na forma de crônicas ou outros gêneros textuais/artísticos que contribuam para a popularização da ciência, mais especificamente, dos estudos da infância. Além de autores clássicos do campo interdisciplinar dos estudos da infância, o projeto ampara-se teoricamente na filosofia da linguagem de Walter Benjamin e Mikhail Bakhtin, no pensamento decolonial de Achille Mbembe e Aníbal Quijano, nas cosmologias de Ailton Krenak e Antônio Bispo, nas bio e sociopolíticas de Frei Betto e Peter Pál Pelbart, na perspectiva interseccional de Kinberlé Crenshaw e Patrícia Hill Collins, nos estudos antirracistas de Muniz Sodré, Sílvio de Almeida e Beatriz Nascimento, nos feminismos de Lélia Gonzales, Judith Butlher, Angela Davis e Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí, nos estudos do cuidado de Helena Hirata, Elisabeth Beltrán, na literatura de Conceição Evaristo, Paulina Chiziane, Maria Tereza Ferrada e Matéi Visniec, na arte de Heitor dos Prazeres, Anne Rammi, Paula Mastroberti e Ella Jablónska, e a arte de rua.
ROSANA GLAT
Professora Titular do Programa de Pós-graduação em Educação (PROPED) e do curso de pedagogia a distância da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
TRAJETÓRIAS E VIVÊNCIAS DE ESTUDANTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO COTIDIANO ESCOLAR
O objetivo do estudo é analisar o processo de inclusão acadêmica e psicossocial de estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio com diagnóstico de transtorno do espectro autista. Serão levados consideração aspectos como: trajetória de escolarização; desempenho acadêmico; práticas pedagógicas e acesso ao currículo; suporte educacional especializado; relacionamentos interpessoais; expectativas e planos de futuro. A pesquisa será desenvolvida com base na metodologia de História de Vida, que considera como única fonte de dados os depoimentos dos participantes, produzidos através de entrevistas abertas. Dados serão organizados e analisados em categorias temáticas, emergentes do seu próprio discurso. Entendemos que é, prioritariamente, a partir do referencial do público-alvo das políticas públicas que preconizam oportunidade de acesso, permanência e aprendizagem que será possível, de fato, avaliar o quanto estas se materializam em termos de uma melhor qualidade de ensino e de vida, de modo geral, para esta população. Cotejando e complementando estudos anteriores, os resultados alcançados contribuirão para o aprofundamento e ampliação da produção científica no campo da Educação Especial e Inclusiva. Por sua vez, os dados obtidos poderão se reverter em indicadores para desenvolvimento e avaliação de políticas, programas de capacitação docente e propostas educacionais inovadoras, mais bem direcionadas à demanda específica destes sujeitos, tornando-se, assim, uma ação de impacto social.

ROSANNE EVANGELISTA DIAS
Professora Associada da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Grupo de Pesquisa: Políticas de currículo e docência. https://curriculo-uerj.pro.br. http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhorh/3232517370947081
DEMANDAS E PROCESSOS DE ARTICULAÇÃO NA PRODUÇÃO DE CURRÍCULOS PARA A DOCÊNCIA NA AMÉRICA LATINA
Esta investigação aborda a produção de políticas de currículo para a docência na escola básica no espaço da América Latina e do Caribe no âmbito da Agenda Educação 2030 da ONU. Pretendemos compreender as relações que vêm se constituindo na região em torno do currículo para a formação e o trabalho docente, considerando as trajetórias, o protagonismo de sujeitos políticos, de organizações governamentais e não-governamentais constituídas em processos de articulação na luta por demandas em redes políticas. Salientamos as demandas apresentadas, significadas e disputadas na América Latina e Caribe considerando a importância dessa região para maior compreensão das condições, singularidades, tradições, projetos, perspectivas, processos de regulação para o desenvolvimento curricular para a docência da escola básica, como também a ainda escassa produção de análises no campo do currículo e da docência sobre esse importante espaço político. Orientamos a investigação pela Teoria do Discurso (TD) de Ernesto Laclau, Chantal Mouffe e colaboradores dessa abordagem discursiva e as redes de política de Stephen Ball para problematizar essa produção curricular, analisando em especial as demandas produzidas, os processos de articulação discursivos e as lutas pela significação que vêm sendo encaminhadas nas suas múltiplas e complexas negociações. Compreendemos a relevância das investigações que pretendem avançar nas análises sobre a produção de políticas de currículo para a docência no Brasil e na região da América Latina e do Caribe pensando as interconexões e resultados dessas políticas tanto nas suas convergências como na sua diferenças e intentamos aprofundar o conhecimento teórico-estratégico sobre as políticas de currículo.
ROSEMARY DOS SANTOS
Professora Adjunta do Departamento de Formação de Professores da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF-UERJ).
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA CIBERCULTURA E SUA ARTICULAÇÃO COM OS MOVIMENTOS SÓCIOTÉCNICOS, ÉTICOS, ESTÉTICOS, POLÍTICOS E CULTURAIS MEDIADOS POR TECNOLOGIAS DIGITAIS EM REDE
Este projeto pretende investigar como os movimentos sociotécnicos, éticos, estéticos, políticos e culturais em suas múltiplas linguagens podem inspirar práticas docentes em redes educativas contribuindo para a formação de professores na atual fase da cibercultura. Pretende contribuir para a criação de políticas públicas de Educação e micropolíticas cotidianas de invenções curriculares, criando metodologias de pesquisa e projetos de ensino e aprendizagem que aproximem os currículos escolares e universitários das práticas comunicacionais da Cibercultura. Optamos pela bricolagem da ciberpesquisa formação multirreferencial e das Pesquisas com os Cotidianos por contemplarem como campo de pesquisa os espaços de atuação do professor-pesquisador. Como dispositivos de pesquisa, lançamos mão de oficinas, interações nas redes sociais, criação de softwares, usos de AVAS. Dispositivos que revelam a formação do formador na cibercultura forjando outros espaçostempos de pesquisa acadêmica e de produção de múltiplas linguagens, articulando as interfaces escola-cidade–universidade-ciberespaço, estabelecendo outros sentidos para a prática pedagógica e para a pesquisa acadêmica nas diversas redes educativas. A pesquisa prevê como resultados: a) privilegiar a docência e as novas redes educativas; b) pensar a formação de professores na cibercultura, do ponto de vista das pesquisas dos cotidianos das práticas pedagógicas e da própria pesquisa acadêmica; c) contribuir com a formação dos professores da Educação Básica e com a produção científica no campo da Educação nas áreas de periferias urbanas; d) hipermidializar, hipertextualizar, remixar e compartilhar o conhecimento científico como um novo modo do fazer científico na contemporaneidade; e) sistematizar a criação de ambiências formativas articulando o espaço da universidade através das tecnologias digitais em rede criando redes de docência e aprendizagem.

SÔNIA DE OLIVEIRA CAMARA RANGEL
Professora Associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
PROJETO 1: INELECTUAIS, INSTITUIÇÕES E REDES DE SOCIABILIDADE: ASSISTÊNCIA, PROTEÇÃO E EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA NO RIO DE JANEIRO DE 1890 A 1940 (fase IV)
O projeto ambiciona investigar as redes de sociabilidade construídas entre instituições e intelectuais que, mobilizados pela cruzada civilizatória da infância colocaram-se em defesa de sua proteção, assistência e educação. A partir da constituição das redes objetiva-se mapear e analisar as iniciativas públicas e privadas que se constituíram na cidade do Rio de Janeiro no período de 1890 a 1940. Com este intento, interessa tecer uma malha assistencial às infâncias por meio da composição de uma cartografia das ações promovidas pelos intelectuais e pelas instituições dos campos médico e jurídico. Em sua missão civilizadora esses intelectuais elegeram e constituíram espaços de atuação a partir dos quais criaram condições para fomentar projetos de intervenção social visando promover a modernização do país. É no entrecruzamento das medidas organizadas na cidade-capital que pretendemos (re)constituir as relações entre os intelectuais e o Estado; a medicina, o direito e a educação; a escola e a família; o público e o privado. Nesta perspectiva, o esforço interpretativo visa analisar as estratégias elaboradas a partir das quais as infâncias foram perspectivadas como objetos de pensamento, de intervenção e de profilaxia social. Interessa, ainda, tencionar as matrizes que orientaram e conformaram a organização de dispositivos de atendimento, de proteção e de educação das infâncias pobres e desvalidas, bem como captar as formas como essas matrizes circularam no cenário nacional e internacional no período de 1890 a 1940. Quanto à periodização proposta (1890-1940), está se sustenta em duas perspectivas de análise. A primeira, de que no período delineado entre os anos de 1890 a 1920, as iniciativas direcionadas às infâncias estiveram marcadas pela presença da filantropia assistencial prevalecendo, em grande parte, a ideia de que estas dependiam mais da vontade individual dos que se devotaram à causa da infância pobre do que propriamente de iniciativas públicas. A segunda, que entre as décadas de 1920 a 1940, teria ocorrido o processo de judicialização das infâncias e de formulação de políticas assistenciais e protetivas sob o predomínio do Estado tutelar.
PROJETO 2: POR UMA CARTOGRAFIA DAS INFÂNCIAS E SUA JUDICIALIZAÇÃO NO BRASIL DE 1927 A 1990
Em diálogo com os campos da História da Educação, da História Social e da Sociologia, esta proposta de pesquisa objetiva analisar a produção das leis protetivas às infâncias no Brasil. Para isto, considera-se a promulgação do Código de Menores de 1927, do Código de Menores de 1979 e do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, como marcos reguladores das relações sociais concernentes às infâncias e às famílias. Assim, tomamos estes documentos como pontos de inflexão a partir dos quais concepções, ideias e projetos foram debatidos, constituindo-se como referências para a produção de marcadores sociais envolvendo raça, gênero e classe e, por conseguinte, na definição de estratégias e aparatos tutelares voltados às infâncias pobres no Brasil. O ponto focal da análise busca compreender a relação entre as esferas pública e privada, em particular no que se refere a judicialização da infância e a ampliação do papel do Estado tutelar na regeneração/proteção/educação das crianças. A hipótese que mobiliza este estudo é que neste processo, setores da sociedade empenharam-se na montagem de um arcabouço jurídico-institucional direcionado a intervir sobre as infâncias empobrecidas e suas famílias. Nesse processo, ampliou-se a atuação do Estado como agência reguladora das relações sociais, aspecto que se considera plausível de ser observado nos momentos históricos demarcados neste estudo. Objetivando compreender os pontos de interseção, diálogos e embates entre as diferentes esferas de análise, utilizaremos como procedimento metodológico o mapeamento, cruzamento e problematização das fontes documentais como suportes de práticas sociais. Assim, busca-se aprofundar, em diálogo com a historiografia especializada, reflexões acerca dos debates jurídicos e das leis, bem como das instâncias responsáveis pela organização dos serviços e formulação das matrizes que conformaram as políticas de assistência e proteção às infâncias no país.

STELA GUEDES CAPUTO
Professora Associada da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação da UERJ.
FOTOETNOGRAFIA MIÚDA: ETNOGRAFIAS, INTERSECCIONALIDADES E AUDIOVISUALIDADES NAS PESQUISAS COM AS CRIANÇAS
Em nenhuma outra época se fotografou tanto e tantas fotografias circularam. Ainda que possamos ter a impressão de que tudo já foi dito sobre esse dispositivo que fabrica imagens, talvez, justamente por isso, por vivermos em um momento em que a fotografia digital está em toda parte e desterritorializada (Fontcuberta, 2015) é que devemos pensar ainda mais sobre ela. Embora as imagens sejam velhas conhecidas da antropologia, a produção teórico-metodológica das pesquisas como registro técnico de imagem é mais recente (Mathias, 2016). Porém, quanto mais comuns forem os usos de fotografias, filmes e outras imagens nas pesquisas, maior o desafio de pensá-los, inclusive na Educação, e nos Estudos da Infância, já que a fotoetnografia (Achutti, 2004) também não é exclusiva da antropologia. As imagens são conhecimentos que envolvem disputas, dominações, enfrentamentos, resistências, produções de linguagens, narrativas. Mas a preocupação com a produção fotográfica nas pesquisas com crianças, na maioria das vezes, fica limitada a exigência e, portanto, obtenção do TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e TALE (Termo de Assentimento Livre e Esclarecido) para que as pesquisas sejam aprovadas pelos Conselhos de Ética. Os documentos são fundamentais, mas a realização de uma fotografia (também em nossas pesquisas) é uma decisão alimentada por inúmeros detalhes e escolhas éticas e estéticas sequer cogitados. Por exemplo: por que fotografamos? Quem escolhemos fotografar? Quem está ausente das fotografias? O que entra no foco? Como compomos a imagem? Qual a posição da pesquisadora ou do pesquisador no momento da fotografia? Porque e como editamos as fotografias? Qual o destino de nossos acervos fotográficos e fílmicos produzidos nas pesquisas? Cada pequena decisão é estética, ética, portanto, política e epistemológica. Para nós que pesquisamos com crianças, fotografar, filmar, editar, expor, compartilhar, é cada vez mais frequente. Se é assim, a reflexão de como lidamos com essa profícua produção de imagens e suas circulações, também precisa avançar, ser mais frequente e profunda. É com as crianças, portanto, que buscamos fazer o que chamamos de Fotoetnografia Miúda (Caputo, 2018). Uma etnografia que sente, subjetiva, interpreta, experencia, compartilha as culturas infantis (Sarmento, 2007) com as fotografias e filmes produzidos com elas. Bateson (2018) disse que, no decorrer de sua existência colocou as descrições de tijolos, de jarras e de bolas de sinuca, numa caixinha e, ali, deixou-as repousar em paz. Numa outra caixa, diz ter colocado coisas vivas como os caranguejos do mar, os homens e as questões de diferença. “Colocarei, assim, as imagens (todas as imagens) ao lado dos caranguejos do mar e das borboletas, isto é, na caixa das coisas vivas. São elas que a mim interessam.”, completa o autor. O objetivo desse projeto, que desenvolvo no Grupo de Pesquisa Kékeré, é pensar fotografia e imagem como coisas vivas. É também pensar, na interseccionalidade, como as fotografias e filmes fazem viver nossas pesquisas com crianças. As pesquisas que desenvolvo, são praticadas nos terreiros brasileiros, ouvindo as crianças de terreiros (Caputo, 2012) como protagonistas. Mas o projeto atual não toma as crianças de terreiros como exclusivas, pois queremos pensar os desafios éticos e estéticos em qualquer pesquisa que use a fotografia como linguagem.

SUZANLI ESTEF
Professora Adjunta da Faculdade de Educação UERJ no departamento Educação Inclusiva e Continuada
ACESSIBILIDADE PARA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Nas últimas décadas, seguindo diretrizes internacionais e nacionais, a política de inclusão educacional de alunos com deficiências e outras condições atípicas de desenvolvimento tem se estabelecido em nosso país. A Educação Inclusiva tem como pressuposto básico que as instituições de ensino estejam estruturadas de forma a acolher e atender a todos os alunos, mas é preciso priorizar práticas pedagógicas que propiciem acessibilidade a uma escolarização efetiva, para aqueles que apresentam diferenças significativas no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. No contexto das ações currículo-pedagógicas, as instituições de ensino contemporânea precisam contemplar um dos maiores desafios da educação que é a avaliação dos alunos. Por conta da predominante e rígida organização seriada, com conteúdo curricular pré-estabelecido, este processo tem um caráter classificatório e eliminatório. Pois, em última instância o que, de fato, é valorizado é o produto final (nota ou conceito) e não o processo de desenvolvimento acadêmico do aluno, tampouco a diversidade presente. Ponderando sobre o atual cenário, em que as políticas de inclusão foram implementadas em estruturas organizacionais e curriculares estratificadas, esse projeto tem como objetivo pesquisar e analisar possibilidades pedagógicas que tornem o processo de avaliação acessível a todos os estudantes, com o olhar voltado para personalização de processos dos alunos. A pesquisa será desenvolvida por meio de uma abordagem qualitativa, a qual pretendemos ir além da descrição de atividades voltadas para a avaliação da aprendizagem, dos estudantes público-alvo da Educação Especial. Será ancorada pelos pressupostos da pesquisa-ação que considera os sujeitos envolvidos constituintes de um grupo com metas e objetivos comuns. No caso específico, a problemática é a necessidade de buscar acessibilidade na avaliação da aprendizagem, para esse alunado.

TALITA VIDAL PEREIRA
Professora Titular na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Bolsista Produtividade CNPq. Cientista do Nosso Estado Faperj. Grupo de Pesquisa: Conhecimento, Currículo e Avaliação. https://curriculo-uerj.pro.br
https://curriculo-avaliacao.pro.br/
O CURRÍCULO E OS EFEITOS DA INCORPORAÇÃO DE MARCADORES SOCIAIS DE DIFERENÇA NAS PRÁTICAS AVALIATIVAS: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE AS EXPERIÊNCIAS MEXICANA E BRASILEIRA
Com as contribuições de aportes pós-estruturais e pós-fundacionais, no grupo de pesquisa são desenvolvidas reflexões cujo foco é a relação conhecimento-currículo-avaliação com o objetivo de desnaturalizar a ideia de as decisões curriculares (políticas e práticas) são orientadas por uma racionalidade a priori. Pesquisa que visam investigar mecanismos pelos quais processos de significação do conhecimento escolar organizam jogos de linguagem e condicionam as formas pelas quais nos acostumamos a pensar os currículos e, consequentemente, os processos de escolarização, dentre eles a avaliação. Trata-se de assumir com Jacques Derrida, uma postura desconstrutiva para tensionar a arbitrariedade e explicitar a contingencialidade de regras sustentadas em fundamentos fixos, pois elas favorecem o bloqueio de diferenças e criam constrangimentos para a formulação de projetos em que caibamos todos e todas, sem naturalizar a exclusão daqueles que escapam ao padrão desejado. No grupo são realizados estudos a partir de aportes pós-estruturais e pós-fundacionais que contemplam as Políticas de currículo e de avaliação em articulação com as discussões sobre concepções de conhecimento, culturas, diferença, produção de subjetividades implicadas no fazer pedagógico nos diferentes níveis de ensino.

TANIA LUCIA MADDALENA
Professora Adjunta no Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino (DEAE) da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
CONSTELAÇÕES NARRATIVAS: PENSANDO A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO
O projeto tem como objetivo geral pensar os usos da contação de histórias digitais nas práticas formativas, compreendendo suas características no contexto da cibercultura. A ideia de pensar a arte de contar histórias nas docências e nas pesquisas em Educação remete à força das palavras, à centralidade das narrativas na composição da humanidade e à tessitura que essas ficções – que inventam o mundo ao narrá-lo – praticam em nossos processos formativos. Sabemos, pelo acúmulo de pesquisas realizadas (LAMBERT, 2002; BRUNER, 2014; SCOLARI, 2014; MADDALENA, 2018), que a narração de histórias potencializa a expansão de repertórios existenciais, sobretudo na cibercultura, com as lógicas do digital em rede. A linguagem da hipermídia possibilita novos modos de contar e compartilhar histórias. Nós, humanos hiper-híbridos (SANTAELLA, 2021), passamos a narrar digitalmente com imagens, fotografias, áudios, sons, vídeos, textos e hipertextos, com as conexões expandidas da internet. Situado nas bases teórico-metodológicas das pesquisas nos/dos/com os cotidianos (CERTEAU, 2012; ALVES, 2015) e na pesquisa-formação na cibercultura (SANTOS, 2014), este projeto compreende as tecnologias digitais como artefatos culturais do nosso tempo; portanto, o que nos interessa aqui são as práticas narrativas e os usos que os praticantes da cibercultura promovem quando criam e compartilham histórias na hipermídia; são os novos modos de produzir conhecimento na complexidade do digital em rede, hipernarrando a si mesmos, o outro e o mundo. Em que medida esses fenômenos narrativos podem inspirar práticas didático-pedagógicas comprometidas com a pluralidade de modos de ser e de estar no mundo? Como essas práticas podem produzir outras artes de comunicar as pesquisas no campo da Educação? Defendendo a prática docente como espaçotempo propício para a realização da pesquisa, a proposta pretende criar experiências pedagógicas que agenciem as inspirações narrativas da cibercultura e utilizem as tecnologias digitais virgíem rede na formação de professores, promovendo a contação de histórias digitais (hiperescritas de si, ficções sonoras, vídeos de pesquisa, narrativas imagéticas, narrativas transmídia, literatura expandida, narrativas imersivas, narrativas com inteligência artificial etc.). Como resultado da pesquisa, espera-se desenvolver um aprofundamento teórico que permita compreender, a partir da metáfora das Constelações Narrativas, a paisagem da narrativa digital na cultura contemporânea e suas potencialidades para a Educação. A contação de histórias digitais poderá incrementar os movimentos de narrar a vida e literaturizar a ciência, expandindo linguagens para comunicar problemáticas e desafios da Educação na Contemporaneidade.

VIRGINIA CECILIA DA ROCHA LOUZADA
Professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
A ENTRADA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (SAEB): O CONTEXTO DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS EM LARGA ESCALA
O Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas, Avaliação, Infâncias e Interseccionalidades (GEPPAII) atua com projetos de pesquisa sobre avaliação na/da educação infantil (EI), a saber: a) avaliação na EI, que diz respeito à relação que se estabelece entre professores∕as e crianças – nomeada como avaliação da aprendizagem; b) avaliação da EI, sobre a perspectiva macro, políticas de avaliação pensadas para a primeira etapa da educação básica – entre elas a avaliação de contexto; c) avaliação institucional participativa – baseada em princípios como gestão democrática, qualidade negociada e qualidade social. Conta com a participação de pesquisadores/as e instituições de ensino superior e educação básica. O projeto acompanha os efeitos da entrada da educação infantil no sistema nacional de avaliação a partir da rede pública municipal de educação carioca. Neste sentido, em diálogo com o projeto, objetiva-se orientar, preferencialmente, pesquisas de mestrado e doutorado que tenham como temática sistemas de avaliação para a educação infantil em redes públicas municipais, a relação que se estabelece entre professores∕as e demais atores que atuam no cotidiano das escolas, professores∕as e crianças desta faixa etária em diálogo com diferentes interseccionalidades – gênero, raça, classe social, entre outras – e as avaliações formais e informais. Estudos e pesquisas das áreas da avaliação educacional, infâncias e juventudes compõem o referencial teórico utilizado. Pretende-se, desta forma, contribuir para o debate sobre a qualidade de uma educação pública socialmente referenciada para crianças e jovens das classes populares a partir das pesquisas realizadas pelo grupo.
WALTER OMAR KOHAN
Professor Titular da UERJ, Cientista do Nosso Estado (FAPERJ) e Procientista (UERJ).
UMA PEDAGOGIA MENINA DA PERGUNTA: PRINCÍPIOS, SENTIDOS E DESDOBRAMENTOS
O presente projeto busca pensar a infância e a dimensão filosófico-política da tarefa de educar. Nele, concentramos nossos estudos numa pedagogia menina da pergunta, inspirados na relação de Paulo Freire com a infância e a reinvenção da politicidade da tarefa de educar afirmada pelo educador pernambucano. O projeto prevê consolidar um trabalho conceitual já iniciado, bem como o fortalecimento do Núcleo de Estudos de Filosofias e Infâncias (NEFI) através da produção de publicações (notadamente, artigos e livros), editoração de periódico científico internacional (childhood & philosophy, a formação de recursos humanos, em nível de graduação, pós-graduação e extensão, a organização de eventos internacionais e experiências de formação, virtuais e presencias.