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Alice Casimiro Lopes
Bolsista Produtividade 1A do CNPq. Cientista do Nosso Estado FAPERJ. Professora Titular da Faculdade de Educação. Atualmente é Pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. www.curriculo-uerj.pro.br
POLÍTICAS DE CURRÍCULO E CULTURA
Por meio da teoria do discurso e da desconstrução derridiana, tenho atuado na luta política tentando desconstruir hegemonias curriculares, desestabilizar estruturas fixadas, universalizadas e universalizantes, que visam a um suposto “projeto perfeito e redentor” de currículo e, por conseguinte, de educação, capaz de incluir a todos sem conflitos. Como parte deste trabalho teórico-estratégico, busco problematizar o discurso de que um universal igual para todos possa ser alcançado ou mesmo que seja desejável. Defendo que tal universal é sempre a representação de um particular que só pode se universalizar por meio de uma decisão (de um poder de decidir) que se faz em nome do outro, no lugar do outro, e busca controlar o processo de representação desse outro inserindo-o na mesmidade universalizante. As noções de investimento radical, normatividade vazia e as relações entre particular e universal, construídas em diálogo com Ernesto Laclau, bem como as noções de político, política e hiperpolitização de Chantal Mouffe tornam-se muito importantes para teorizar sobre a política de currículo nessa perspectiva. Tendo em vista essa abordagem mais geral, o grupo de pesquisa Políticas de Currículo e Cultura (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/34701) tem se dedicado a investigar de processos de “implementação” de propostas curriculares centralizadas, com destaque para aquelas dirigidas ao nível médio de ensino. Vêm sendo focos de pesquisa: quais leituras vêm sendo feitas visando modificar a organização curricular; qual a relação que vem sendo estabelecida com as comunidades disciplinares; quais possibilidades são forjadas para que o diferir, associado à contextualização radical e à tradução, não seja bloqueado; quais bloqueios do diferir permanecem operando; como redes políticas, no sentido de Stephen Ball, de produção curricular vêm operando na tentativa de produzir sentidos nas políticas. Simultaneamente, são investigadas questões teóricas relativas à tradução em Derrida e à contingência em Laclau nas políticas de currículo, em tempos de pós-verdade e de lutas contra o ultraconservadorismo, buscando questionar dicotomias e essencialismos associados tanto à noção de antagonismo quanto à noção de resistência.